Três semanas após renunciar, Jean Wyllys vai ver 'Marighella' no Festival de Berlim

Ameaçado no Brasil, ex-deputado federal esteve na sessão de gala e permaneceu relativamente incógnito

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Berlim

O ex-deputado federal Jean Wyllys, que renunciou ao cargo após sofrer ameaças, esteve na plateia da sessão de gala de "Marighella", no Festival de Berlim.

Fontes ouvidas pela Folha confirmam que ele estava misturado entre o público e permaneceu relativamente incógnito. Ao final da exibição, a equipe do filme subiu ao palco para os agradecimentos e Wagner Moura entoou um grito em homenagem à vereadora assassinada Marielle Franco, mas não fez referência à presença de Wyllys ali.

O ex-deputado de fato está na Alemanha e deve dar uma palestra, na próxima segunda (18), num centro cultural de Berlim.

Estreia de Moura na direção, "Marighella" é a cinebiografia do guerrilheiro de esquerda que pegou em armas contra a ditadura. A obra estreou na capital alemã sob gritos de "Ele Não" e "Lula Livre", que vinham do público do cinema, em grande parte formado por brasileiros.

Em 24 de janeiro, o então parlamentar anunciou que abriria mão de seu terceiro mandato. Na ocasião, o deputado do PSOL eleito com 24.295 votos revelou à Folha que não pretendia voltar ao Brasil e se dedicaria à carreira acadêmica.

Desde o assassinato da sua correligionária Marielle Franco, em março do ano passado, Wyllys vive sob escolta policial. Com a intensificação das ameaças de morte, comuns mesmo antes da morte da vereadora carioca, o deputado tomou a decisão de abandonar a vida pública.

"O [ex-presidente do Uruguai] Pepe Mujica, quando soube que eu estava ameaçado de morte, falou para mim: 'Rapaz, se cuide. Os mártires não são heróis'. E é isso: eu não quero me sacrificar", justificou.

À época, Wyllys disse que também pesaram em sua resolução de deixar o país as recentes informações de que familiares de um ex-PM suspeito de chefiar milícia investigada pela morte de Marielle trabalharam para o senador eleito Flávio Bolsonaro durante seu mandato como deputado estadual pelo Rio de Janeiro.

"Me apavora saber que o filho do presidente contratou no seu gabinete a esposa e a mãe do sicário", afirma Wyllys. "O presidente que sempre me difamou, que sempre me insultou de maneira aberta, que sempre utilizou de homofobia contra mim. Esse ambiente não é seguro para mim."

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