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Se você tem medo de altura, não assista ao documentário vencedor do Oscar

'Free Solo' acompanha Alex Honnold enquanto escala sem equipamentos montanha na Califórnia

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Cena do documentário vencedor do Oscar

Cena do documentário vencedor do Oscar "Free Solo" Divulgação

Free Solo

  • Quando sábado (9), às 21h
  • Onde Canal National Geographic
  • Classificação 12 anos
  • Produção Estados Unidos, 2018
  • Direção Elizabeth Chai Vasarhelyi e Jimmy Chin

El Capitán é uma formação rochosa no Parque Nacional de Yosemite, no estado americano da Califórnia, nos Estados Unidos. Uma de suas faces é um paredão com 910 metros de altura —mais do que o dobro do Pão de Açúcar. Escalar esse troço é um desafio mesmo para alpinistas experientes, usando o método tradicional com cordas, agarras e mosquetões.

Mas Alex Honnold encasquetou que chegaria ao topo do El Capitán apenas com a força das próprias mãos e pés. Ele faz parte da ínfima minoria —cerca de 1%— de alpinistas adeptos do chamado free solo, a mais radical modalidade do esporte, que proíbe a seus praticantes a utilização de qualquer equipamento de segurança.

“Free Solo” também é o título do documentário em longa-metragem que venceu o Oscar da categoria, duas semanas atrás. O filme será exibido neste sábado (9) pelo canal pago National Geographic, às 21h, e é uma experiência de tirar o fôlego. Também não é muito recomendado para quem tem medo de altura.

Alex Honnold escala o El Capitan
Alex Honnold escala o El Capitán - AFP

Dirigido pelo casal de cineastas Elizabeth Chai Vasarhelyi e Jimmy Chin (ele, também alpinista profissional), o filme se propõe a responder a duas questões. A primeira: por que Alex Honnold se lançou a uma empreitada em que o menor deslize resulta na morte certa?

Boa parte do filme é dedicada a traçar um perfil do rapaz, que foi uma criança tímida e há mais de uma década vive sozinho em um trailer. A mãe de Honnold suspeita que seu falecido marido tivesse Asperger, um distúrbio dentro do espectro do autismo. Não seria surpresa se o filho fosse diagnosticado com algo semelhante: sua capacidade de empatia é mínima, assim como sua habilidade de se assustar com o perigo.

O filme explora bastante a relação de Alex com a namorada, Sanni McCandless. Apesar de também ser alpinista, ela não quer perdê-lo para a montanha, mas sabe muito bem que não pode impedi-lo de perseguir seu objetivo. Os embates entre os dois e as declarações dela para a câmera resvalam um pouco para a linguagem dos reality shows, mas também revelam um drama verdadeiro.

Alex Honnold (esq.) e o diretor Jimmy Chin, do documentário "Free Solo", escalam e posam na letra H do letreiro de Hollywood
Alex Honnold (esq.) e o diretor Jimmy Chin, do documentário "Free Solo", escalam e posam na letra H do famoso letreiro de Hollywood - Mike Blake/Reuters

A segunda pergunta que “Free Solo” busca responder é como Alex Honnold realizou seu sonho. E a resposta é: com método, foco e perseverança (para não dizer teimosia). Ao longo de dois anos, o rapaz escalou o El Capitán pelo método tradicional quase uma centena de vezes. E foi anotando à mão, em um caderno, onde fica cada saliência e cada reentrância da rocha, e qual o melhor movimento de corpo para passar de uma à outra.

Na manhã do dia 3 de junho de 2017, sem alertar a equipe de filmagem que já o acompanhava há meses, Alex Honnold começou a subir o El Capitán no “mano a mano”. A escalada durou pouco menos do que quatro horas, e o espectador sabe que ela foi bem-sucedida. Mesmo assim, os minutos que a resumem na tela são capazes de causar palpitações nos mais sensíveis. Também trazem imagens espetaculares, jamais vistas antes na história do cinema.

Capturadas por drones ou por cinegrafistas pendurados no vazio, elas devem ser admiradas na maior tela possível, para a máxima fruição de toda sua beleza e terror. São elas que elevam “Free Solo” ao nível da arte, tornando o filme merecedor dos prêmios que vêm ganhando (além do Oscar, já são outros 18 até o momento).

Mesmo depois dessa conquista histórica, Alex Honnold não irá se aposentar tão cedo. Ele pretende continuar escalando paredões íngremes mundo afora, empregando nada além de seu corpo e de sua mente.

Por via das dúvidas e sem querer ser agourento, aqui vai um conselho: convém não se apegar muito ao rapaz.

O monte El Capitán, na Califórnia (EUA)
O monte El Capitán, na Califórnia (EUA) - Mark Ralston/AFP
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