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Mercado editorial brasileiro diminui pelo quinto ano seguido

Com baixas nas vendas e crise nas livrarias, compras do governo evitam queda maior

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Portões fechados em frente à Livraria Cultura do Conjunto Nacional, em São Paulo

Portões fechados em frente à Livraria Cultura do Conjunto Nacional, em São Paulo Danilo Verpa-25.mai.2007/Folhapress

São Paulo

Se o ano de 2018 ficou marcado no mercado editorial brasileiro pelos pedidos de recuperação judicial das duas principais livrarias do país, a crise agora pode ser vista em números. No ano passado, o setor encolheu 4,5% em valores reais, considerando a inflação do período —em valores nominais, a queda foi de 0,9%.

Os dados são da pesquisa Produção e Vendas do Setor Editorial Brasileiro, divulgada nesta segunda-feira (29). O levantamento é feito pela Fipe (Fundação Instituto de Pesquisas econômicas), em conjunto com a CBL (Câmara Brasileira do Livro) e o Snel (Sindicato Nacional dos Editores de Livros).

Com isso, 2018 se tornou o quinto ano seguido de retração, com um faturamento de R$ 5,1 bilhões. 

O pior desempenho esteve justamente nas vendas para o mercado. Nesse recorte, que exclui as vendas para o governo, o setor teve uma queda real de 10,1%: viu o faturamento cair para R$ 3,7 bilhões e o número de exemplares vendidos enxugar para 202 milhões.

Nas livrarias, o faturamento desceu para R$ 1,9 bi (uma variação nominal negativa de 20,8%). Se, em 2017, essas redes representavam quase 60% do mercado, no ano passado elas tiveram uma participação nas vendas de 50%.

Já o número de exemplares vendidos nas livrarias também foi menor em 2018: cerca de 94 milhões, o que corresponde a 46% dos livros comercializados pelo mercado. Ou seja, no ano passado mais títulos foram vendidos fora das livrarias do que dentro delas.

Por outro lado, as vendas para o governo ajudaram a equilibrar a balança e a evitar uma retração maior —sobretudo por causa das compras do PNLD (Programa Nacional do Livro Didático), que abastece escolas públicas. 

As vendas para o governo alcançaram R$ 1,4 bilhão (o que representa um aumento nominal de 17,8%) e um total de 149 mil exemplares (crescimento de 12,6% em relação ao ano passado). O PNLD é o responsável por praticamente todo esse valor: o edital sozinho representou, em 2018, uma compra de R$ 1,3 bilhão.

Frente a isso, o natural seria pensar que os livros didáticos ou educacionais tivessem ganho um respiro maior no ano passado. Mas não foi o que ocorreu.

O setor de didáticos apresentou uma queda real de 9,1%, enquanto a parte do mercado denominada de CTP (Científico, Técnico e Profissional) teve um desempenho ainda pior: um decréscimo de 20,3% em termos reais —desde 2014, a queda real acumulada é de 44,9%.

A única fatia do mercado que pode esboçar alguma comemoração é a de livros religiosos. O setor alcançou um resultado nominal positivo, com crescimento de 1,1%, o que em termos reais significa um tombo de, apenas, 2,6%.

A pesquisa esmiúça o mercado editorial do ano passado. Mas, neste ano, o cenário não parece melhor.

No primeiro trimestre, o faturamento com as vendas encolheu 25% na comparação com o mesmo período de 2018. Em número de exemplares, a queda é de 30% —ou 1,2 milhão de livros a menos.

Os dados são de outro levantamento: o Painel de Vendas de Livros no Brasil, realizada pela Nielsen sob encomenda do Snel, que foi divulgado na última quarta (24).

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