Nos livros de Agatha Christie com os casos do detetive Hercule Poirot, algumas figuras são coadjuvantes recorrentes, como o amigo fiel, Capitão Hastings, e a engraçada Ariadne Oliver, escritora de romances de mistério.
Talvez a aparição mais divertida de Ariadne esteja em “Os Elefantes Não Esquecem”, décimo volume da Coleção Folha O Melhor de Agatha Christie. Nas bancas no próximo domingo (28), o livro apresenta uma história a partir do desejo da personagem de desvendar um evento misterioso ocorrido há mais de dez anos.
Como Ariadne sempre tenta auxiliar Poirot,com resultados às vezes desastrosos, agora é o detetive que deve ajudá-la.
Ela é abordada por uma mulher que quer falar da morte do casal Ravenscroft. A conclusão policial é que os dois fizeram um pacto de suicídio. Sua interlocutora diz que gostaria de saber quem matou o outro antes para se suicidar depois.
Basta uma questão como essa para atrair a escritora. Ariadne e Poirot vão ter de ir atrás de quem conhecia o casal naquela época. Mais do que uma investigação, o livro é uma grande brincadeira sobre a memória e as peças que ela pode pregar nas pessoas.
É óbvio que Ariadne, além de ser um alívio cômico na trama, também é aquela em que Agatha Christie despeja muito de sua experiência pessoal.
A personagem tem certo “instinto feminino” que a autora inglesa usa para sustentar as mais estapafúrdias teorias sobre os crimes. Os leitores se divertem, mas Christie deve se divertir ainda mais.
Há uma grande chance de este ser o último romance que a rainha do mistério escreveu escalando Poirot.
“Os Elefantes Não Esquecem” foi lançado em 1972, três anos antes da morte da autora. Em 1975 foi publicado “Cai o Pano: O Último Caso de Poirot”, segundo volume da Coleção Folha.
Embora tenha chegado às livrarias em setembro de 1975, “Cai o Pano” foi escrito nos anos 1940. A autora teve uma relação de amor e ódio com o seu personagem mais popular e várias vezes teve vontade de matá-lo.
Escreveu esse romance e o guardou na gaveta por quase 30 anos, para que fosse publicado só depois de sua morte.
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