Artistas usam cristais, lasers e espelhos para imaginar a arte do futuro em mostra

Exposição no alto do antigo Banespão envolve o público em ambientes lúdicos cheios de movimento

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Kátia Lessa
São Paulo

​O visitante que chega ao 22º andar do Farol Santander, antigo Banespão, na região central de São Paulo, atravessa uma cortina de veludo preta e sente que viajou no espaço. É a primeira sala ocupada pela mostra “Metaverso”. 

Até 15 de setembro, seis artistas paulistanos divididos em cinco coletivos apresentam obras criadas especialmente para a exposição. 

Segundo o organizador da mostra, Antônio Curti, o evento fala da arte do futuro e de como o design, a arquitetura, o urbanismo, a iluminação e a tecnologia podem entrar em união para criar novos ambientes.

Ele diz que é uma oportunidade de entrar em contato, de forma distinta com elementos presentes no cotidiano, mas elevados ao status de arte. 

Logo na entrada, duas peças espelhadas, uma diante da outra, comportam uma estrutura metálica com um bastão de LED vermelho que executa um movimento curvo, tão matemático quanto poético. 

Em seguida, após cruzar a segunda cortina, o impacto é maior. O visitante se vê imerso em uma sala escura tomada por feixes azuis. É uma obra de laser com sonorização que não tem começo, meio ou fim. Os artistas programaram 12 padrões, e um algoritmo sorteia a sequência de como eles se movimentarão na sala.

Segundo os artistas do Aya Studios, que assinam a instalação, a obra mostra como o elemento físico pode ser potencializado pelo digital. Ao ser atingido pelo laser, um cristal no centro da sala escancara o quanto os dois universos são interdependentes.

As reações do público são curiosas. Crianças se agacham como se para se proteger da luz. Um casal estende os braços para observar desenhos que o feixe faz em contato com a pele. E uma garota, ainda com a cortina entreaberta não tira os olhos do cristal que pulsa brilhante em sincronia com o som ambiente.

Na última sala, o designer Wesley Lee se junta ao Aya Studios para criar placas, sensores, e desenvolver cada uma das barras coloridas colocadas paralelamente em uma parede escura. Trata-se de “Interlúdio”, um ambiente tranquilo, ao som de piano, no qual as cores se transformam de acordo com o volume de pessoas na pequena sala. 

No 23º andar, o público encontra a instalação do artista multimídia Leandro Mendes, conhecido como Vigas. Com a orientação do organizador da mostra de usar projeção e espelhos, criou “Aparato 10¹º”, que significa dez elevado à décima potência, o número de vezes que conseguimos nos ver no multiverso. Ali, o visitante se vê replicado por todos os lados em meio às projeções de formas orgânicas e geométricas. 

Para terminar, a obra “Horizonte Utópico”, do veterano coletivo Bijari, nos faz refletir como seria a cidade do futuro, com bastante natureza, mas também muita tecnologia. “Consideramos que essa arte que envolve a tecnologia também é um tipo de arte urbana, assim como o grafite. Elas nascem dos grandes centros. Nosso intuito era fazer com que as pessoas pensassem sobre um horizonte utópico, sobre como podemos alterar nossa paisagem”, diz Olavo Ekman, 47, um dos integrantes do coletivo. 

'Metaversø'

  • Quando Ter. a dom. das 09h às 20h. Até 15/9
  • Onde Farol Santander (rua João Brícola, 24, São Paulo)
  • Preço R$12,50 (meia), R$ 25 (inteira)
  • Link: https://farolsantander.com.br

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