Busto de Tutancâmon será leiloado em Londres apesar das queixas do Egito

Obra é avaliada em 4 milhões de libras; autoridades do país ameaçam levar casa de leilão à Justiça

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Londres | AFP

O rosto esculpido do jovem faraó Tutancâmon será leiloado nesta quinta (4) em Londres, apesar das queixas do governo egípcio, que exige em vão o cancelamento da venda e que a obra seja restituída ao Egito.

O busto de quartzito, de mais de 3.000 anos de antiguidade e 28,5 cm de altura, é avaliado em mais de £ 4 milhões (cerca de R$ 19 milhões).

Representa o deus Amon com os traços do faraó Tutancâmon, "uma forma de pôr o governante no mesmo nível que os deuses", explica a casa de leilões Christie's, que organiza a venda.

Busto de Tutancâmon
Busto de Tutancâmon - Divulgação

O leilão provocou a ira do executivo egípcio, que em junho pediu à casa de leilões que cancelasse o evento.

Cairo também pediu "a interrupção da venda de todas as demais peças egípcias neste leilão previsto pela Christie's para os dias 3 e 4 de julho, ressaltando a importância de obter todos os certificados de aquisição" relativos a esses artigos.

"É extremamente importante estabelecer a propriedade recente [da obra] e a legalidade da venda, o que fizemos com toda a clareza", disse um porta-voz da Christie's.

"Não ofereceríamos à venda nenhum objeto cuja propriedade ou exportação suscitasse dúvidas", acrescentou, detalhando que a embaixada egípcia foi informada do leilão.

No Cairo, Zahi Hawall, ex-ministro de Antiguidades, disse que o governo pretende levar a Christie's à Justiça já que "até agora não mostraram nenhum documento legal que demonstre a propriedade [do busto]".

Ainda segundo o especialista, a peça corresponde à 18º Dinastia, "de cerca de 1.500 anos antes de nossa era".

"Acreditamos que saiu do Egito em 1970, época em que foram registrados vários roubos importantes no templo de Karnak", completou.

Busto de Tutancâmon
Busto de Tutancâmon - Divulgação

Essa disputa entre Londres e Cairo ocorre em pleno debate sobre o retorno das obras de arte a seus países de origem, como ilustrado na questão dos frisos do Partenon conservados no Museu Britânico de Londres e reivindicados por Atenas durante décadas.

O Chile também negocia há meses com o museu para recuperar, talvez como empréstimo a longo prazo, o moai Hoa Hakananai’a, o de maior valor espiritual para a Ilha de Páscoa.

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