Elo entre o jazz e o hip-hop, Terrace Martin sai da sombra de Kendrick Lamar em show

Neste fim de semana, o rapper e saxofonista americano toca no festival Mastercard Jazz, no Ibirapuera

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São Paulo

Neste fim de semana, o parque Ibirapuera recebe uma figura essencial na cada vez mais intensa ligação entre o jazz e o hip-hop. No primeiro dia do festival Mastercard Jazz, uma das atrações é o cantor, compositor, multi-instrumentista e produtor americano Terrace Martin.

Aos 40 anos, ele ganha destaque na cena musical com seu trabalho próprio, mas uma quantidade enorme de pessoas escuta muito o som de Martin sem mesmo o conhecer. É que ele faz uma parceria triunfal com Kendrick Lamar, o mais aclamado rapper desta década.

Martin é coprodutor dos álbuns de Lamar, entre eles o incensado “To Pimp a Butterfly”, de 2015. Na verdade, os dois fazem parte de uma certa confraria de estrelas da nova música negra americana.

“Eu me sinto sortudo de trabalhar com essa espécie de irmandade de músicos talentosos”, diz Martin. Ele está se referindo a nomes como Kamasi Washington, Thundercat e Robert Glasper, entre outros que frequentam estúdios com Martin e Lamar como amigos.

“Essa relação de amizade é uma necessidade dentro do estúdio. Porque cada um tem seus métodos para criar música, você precisa se sentir à vontade para a coisa fluir. Fico contente ao ver que meus melhores amigos também são alguns dos melhores no que fazem.”

Antes dessa união com Lamar, Martin teve outra parceria que considera fundamental em sua carreira. Na década passada, ele foi recrutado para a banda de Snoop Dogg. A relação de patrão e músico contratado se transformou rapidamente em grande amizade.

Snoop Dogg foi um professor de verdade. Com ele aprendi a me familiarizar com o estúdio. Se hoje eu e Kendrick temos um trabalho em que um consegue tirar o máximo do outro, minha vivência com Snoop Dogg me deu os instrumentos para isso.”

Filho de um baterista e uma cantora, Martin começou a tocar piano aos seis anos. Suas primeiras gravações autorais vieram aos 13, quando aliava equipamentos eletrônicos modestos, como um teclado Casio CZ101 e um sampler E-mu SP-1200, ao saxofone e ao piano.

Hoje, Martin domina a tecnologia computadorizada de gravações e, além de cantar, toca sax, teclados, bateria, baixo, guitarra e instrumentos de percussão. Acha graça quando perguntam a ele sobre métodos de composição. 

“Não tenho método, tudo de que preciso é de um estúdio ou um lugar tranquilo com esses instrumentos por perto. Posso começar a desenvolver uma música tocando qualquer um deles.”

Na década passada, enquanto tocava com Snoop Dogg e produzia várias faixas do rapper famoso, começou a gravar mixtapes. Desde 2010, lançou seis álbuns, ganhando maior destaque com “Velvet Portraits”, gravado há três anos com a ajuda dos amigos de sempre, como Glasper e Thundercat. Foi indicado ao Grammy de melhor álbum de R&B.

“Velvet Portraits” deve fornecer a maior parte do repertório do show em São Paulo, mas com muita improvisação no palco. “Na verdade, eu improviso em todos os dias da minha vida”, brinca. 

Diz que se sente confortável tocando em clubes pequenos ou em grandes festivais em espaços abertos, como o Mastercard Jazz. “Dez mil pessoas ou um grupinho de gente, tanto faz. Quero ter contato com todos os que se interessem pela minha música.”

Martin também vê graça em ser considerado alguém que está colaborando para uma suposta união do jazz com o hip- hop. “Eles sempre estiveram de mãos dadas, nasceram na mesma origem da música negra. Eu faço hip-hop porque é a música do meu tempo, mas sem diminuir em qualquer momento minha paixão pelo jazz.”

Os dois dias do Mastercard Jazz, sábado e domingo, terão programação gratuita a partir das 17h30. As apresentações serão no palco do Auditório Ibirapuera, voltado para a área aberta do parque.
 

Mastercard Jazz

  • Quando Sáb. (31) e dom. (1º), às 17h30
  • Onde Auditório Ibirapuera - pq. Ibirapuera, portões 2 e 3, tel. (11) 3629-1075
  • Preço Grátis
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