Conquistar mais espaço e público para a dança, questão sempre urgente dos artistas da área, foi o ponto de partida para a criação de uma mostra na avenida Paulista, no auditório do museu projetado por Lina Bo Bardi.
“Até o final dos anos 1980, a programação de dança do Masp era forte, mas a partir daí ficou meio adormecida”, diz Anselmo Zola, curador da Semana Paulista de Dança e diretor artístico do Studio 3, realizador do evento. A segunda edição da mostra começa nesta quarta (28).
Reativar a programação de artes cênicas no teatro do museu é um projeto dos programadores da instituição desde 2015, quando o espaço passou por melhorias e foi reinaugurado como Auditório Masp-Unilever.
Há cerca de três anos, o Studio 3, um dos grupos que tem realizado temporadas no local, começou a planejar um evento maior, com diferentes grupos, no auditório do museu, conta Zola.
A primeira Semana Paulista de Dança no Masp foi realizada no ano passado, com patrocínio da Klabin. Vera Lafer, fundadora do Studio 3, faz parte do conselho administrativo da empresa patrocinadora também desta segunda edição do evento.
Neste ano, a mostra cresceu, passando de quatro para cinco dias e incluindo grupos de outros estados, além de São Paulo.
Apresentar um recorte da produção contemporânea brasileira e sua diversidade de linguagens foi a proposta da curadoria. Na programação, o Balé Folclórico da Bahia, que não se apresentava em São Paulo há pelo menos uma década, segundo Zola, volta à cidade. A companhia fará duas apresentações no encerramento da mostra, no dia 1º de setembro.
Na abertura, apresentam-se sete dos nove grupos e artistas solos participantes da semana: Studio 3, SPCD (São Paulo Companhia de Dança), Quasar, Cia. de Danças de Diadema, Miriam Druwe, Raymundo Costa e Marilena Ansaldi.
Será uma noite de homenagens e história. Ana Botosso, atual diretora da companhia de Diadema, interpreta um solo de Ivonice Satie, fundadora do grupo. Raymundo Costa, coordenador do acervo do Balé da Cidade, dedica sua coreografia a Hugo Travers, e Marilena Ansaldi, 84, pioneira da dança-teatro no Brasil, revê sua trajetória em um solo.
No mesmo programa, a SPCD apresenta “A Morte do Cisne”, o Studio 3, “O Mandarim Maravilhoso”, Quasar, “Mulheres”, e Miriam Druwe volta aos palcos como “Sei Solo”.
A mostra segue com o “Trânsito”, do Balé Teatro Guaíra, de Curitiba, outros espetáculos da goiana Quasar e das companhias paulistas.
No programa da SPCD, que também participou da primeira edição da mostra, serão apresentadas obras de três gerações de coreógrafos brasileiros: Marcia Haydée, Jomar Mesquita e Cassi Abranches.
Novidade desta edição, uma mesa de conversa, no domingo, terá como tema a atuação de mulheres na dança. “Será um momento de trocar ideias sobre modos de existência na arte”, diz Inês Bogéa, diretora da SPCD e mediadora da mesa na qual participarão Ana Botosso (Cia. Diadema), Carolina Fagundes (Instituto Satie), Vera Bicalho (Quasar) e Miriam Druwe.
Perto do Masp, na outra ponta da avenida Paulista, as questões e a produção femininas na dança também dão o tom das apresentações do Itaú Cultural. O instituto preparou uma programação com obras não convencionais nascidas a partir de movimentos políticos e estéticos.
No encerramento deste ciclo, de 30 de agosto a 1º de setembro, três mulheres mostram os resultados de suas pesquisas. A pernambucana Flávia Pinheiro investiga o corpo de dentro para fora em “Antílope”; a paulista Juliana Moraes desconstrói gestos e comportamentos aceitos socialmente como femininos em “Eu, Elas”; e a baiana Jaqueline Elesbão aborda a violência psicológica, emocional e sexual de gênero e raça em “Entrelinhas”.
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