Bienal de São Paulo retoma voltagem política com primeiro anúncio de artistas

Três mostras individuais abrem o evento, que começa já em fevereiro do ano que vem

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São Paulo

A Bienal de São Paulo, que em sua 34ª edição vai se espalhar pela cidade e durar mais, anunciou nesta sexta (20) as três exposições individuais que dão início ao evento no Pavilhão da Bienal, no parque Ibirapuera, a partir de fevereiro do ano que vem.

A peruana Ximena Garrido-Lecca, ocupará o espaço de fevereiro a março; a paulistana Clara Ianni, de abril a junho; e a americana Deana Lawson, de julho a agosto.

A abertura da mostra coletiva principal está marcada para o início de setembro. Nela, obras desses três solos vão reaparecer em diálogo com trabalhos de cerca de outros cem artistas participantes, cujos nomes ainda não foram revelados.

Enquanto os trabalhos de Garrido-Lecca e Lawson discutem o mundo pós-colonial, abordando, aquela, a turbulenta colonização do Peru, e esta, a diáspora africana, Clara Ianni investiga as relações entre arte, história, política e ideologia em obras minimalistas na estética e violentas nas temáticas.

A escolha das três sinaliza a vontade da equipe de curadores, liderada por Jacopo Crivelli Visconti, de aumentar a voltagem política após uma edição criticada justamente por sua desconexão com a realidade social e política às vésperas das eleições presidenciais.

Um desejo que transparece também no título desta 34ª Bienal de São Paulo, “Faz Escuro mas Eu Canto”, verso de um poema do amazonense Thiago de Mello.

“Nossa ideia central não é apresentar os conflitos políticos do noticiário de forma literal, mas esta é decididamente uma Bienal pensada a partir desse momento no Brasil e no mundo", afirma Crivelli Visconti.

Na abertura das duas primeiras exposições, serão apresentadas ainda performances do sul-africano Neo Muyanga e do argentino León Ferrari, respectivamente. Uma montagem da performance “A Ronda da Morte”, de Hélio Oiticica, concebida em 1979 e jamais apresentada, acontece na abertura da exposição principal.

Além deles, cerca de 25 artistas também ganharão exposições individuais em diversos espaços parceiros, como a Pinacoteca, o Masp e unidades do Sesc e de centros culturais municipais.

A proposta se baseia no conceito de “relação” que guia esta 34ª Bienal. Em uma reflexão sobre a recusa do debate entre visões polarizadas que marca a sociedade hoje, a ideia é que os visitantes possam, tanto antes quanto ao longo da mostra principal, aprofundar-se nas obras individuais dos artistas e articulá-las com o contexto da mostra coletiva.

“São triangulações que enriquecem, mas que não são indispensáveis para entender a Bienal como um todo ou o trabalho de cada um dos artistas”, comenta Crivelli Visconti.

 

Questionado se focar nesses artistas não seria menosprezar os outros dois terços dos participantes, o curador-adjunto desta edição, Paulo Miyada, responde que a possibilidade de se concentrar em um artista, trabalho ou discussão tem que ser sempre legitimada e valorizada. “Nunca podemos considerar que olhar com muita atenção para um artista é um problema”, diz.

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