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Cinema

Com ótima atuação de Keira Knightley, 'Segredos Oficiais' é certinho demais

Filme trata da revelação de uma intrincada operação ilícita do governo inglês que envolveu Tony Blair e George W. Bush

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Segredos Oficiais

  • Quando Estreia na quinta (31)
  • Elenco Keira Knightley, Ralph Fiennes, Matt Smith
  • Produção Reino Unido, 2019
  • Direção Gavin Hood

"Segredos Oficiais" é um filme britânico demais. Além de ter a austeridade que o cinema da ilha costuma dedicar a retratar histórias reais, trata da revelação de uma intrincada operação ilícita do governo inglês, que será mais compreensível para quem acompanha a política local.

Não que o caso não possa interessar plateias de outros países. Afinal, falcatruas governamentais não são exclusividade de um ou de outro. E impressiona bastante que a história envolva diretamente o primeiro-ministro Tony Blair e o presidente George W. Bush, que comandavam seus países em 2003.

Resumindo, de forma bem simples: o americano pediu ao inglês uma ajuda para conseguir na ONU a aprovação de uma invasão ao Iraque, por conta da denúncia que aquele país teria armas químicas de destruição em massa.

A personagem central do filme é Katharine Gun, que trabalhava como tradutora para o governo. No caso, tradutora pode ser um eufemismo para espiã. A ocupação dela era traduzir conversas em mandarim que o serviço secreto britânico obtinha de forma ilegal.

Um dia, um memorando interno chega às mãos dela, revelando as pressões que Estados Unidos e Reino Unido faziam junto às Nações Unidas, para aprovar a invasão que, nos padrões da política internacional, não teria justificativa. E as "pressões" também excediam os limites da legalidade.

A população inglesa estava protestando contra a possível operação militar, e Gun passou o conteúdo da mensagem a uma ativista. Esta, por sua vez, fez a mensagem chegar a um repórter, e a discussão sobre a estratégia anglo-americana ganhou o mundo.

Achar o traidor que revelou o caso se torna vital para o governo. Quando as investigações levam vários colegas de Gun a interrogatórios ameaçadores, ela confessa ter sido a responsável pelo vazamento. Aí é que o filme verdadeiramente começa, com as agruras da moça enquanto espera pelo julgamento por traição.

O enredo se detém na forma cruel com que o governo trata Katharine, que, aos olhos deles, tem um componente agravante: é casada com um muçulmano. Quem vai ajudá-la é Ben Emmerson, notório advogado que circula pelos corredores do poder e incomoda toda a cúpula britânica.

Keira Knightley está ótima, transitando com vigor da idealista ultrajada para a mulher apavorada com o tamanho do problema que criou. Ralph Fiennes dá o tom certo a Emmerson. Suas atuações ajudam muito a acompanhar alguns trechos áridos da história, que desce a detalhes da política britânica.

Para quem não conhece a história real, o final é surpreendente. Mas falta um pouco mais de categoria ao diretor Gavin Hood, acostumado a filmes de ação. "Segredos Oficiais" é um tanto linear, certinho demais.

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