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Mesmo quem não gosta de Wilco pode gostar da biografia de Tweedy

Em autobiografia, líder da banda consegue fazer o simples virar algo especial

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Vamos Nessa (Para Podermos Voltar)

  • Preço R$ 71,90 (256 págs.)
  • Autor Jeff Tweedy (Trad.: Paulo Alves)
  • Editora Terreno Estranho

Jeff Tweedy não sabe muito bem o que quer. Ao mesmo tempo em que gasta metade de sua biografia tentando afastar a idealização de seus fãs, que o enxergam como um gênio, gasta a outra metade em busca de reconhecimento.

Quer saber como o dono do Wilco escreve aquelas letras poéticas e cheias de metáforas que representam tão bem o final de um namoro?

Ah, nada demais, escreve ele. Primeiro Tweedy compõe maravilhosas melodias. Depois, fica balbuciando alguma coisa até encontrar as palavras que combinem com os sons —nada muito elaborado, viu?
Por que escolheu a pintura de um gato para a capa de um dos últimos discos da banda? Ah, porque era a imagem de um pôster no estúdio em que costuma ensaiar —nada muito elaborado.

Jeffrey Scot Tweedy é um compositor, músico e líder da banda Wilco - Zoran Orlic/Divulgação

Por outro lado, ao relembrar as brigas por protagonismo com Jay Farrar, com quem dividiu a liderança do Uncle Tupelo, e Jay Bennett, expulso do Wilco pouco antes do lançamento do disco mais celebrado da banda, Tweedy mostra que o que queria mesmo era ser reconhecido pelos colegas.

Em um trecho hilário, ele conta quando, numa edição do Grammy, Puff Daddy o confundiu com um funcionário do evento. O rapper, sem perguntar, pegou os papéis com a programação da cerimônia das mãos de Tweedy, que aguardava os colegas de banda do lado de fora do banheiro. 

É engraçado, mas ele relembra o episódio com certa melancolia —e muita autenticidade, principal característica do livro. Ao contrário de outras autobiografias, que mais parecem relatos artificiais, “Vamos Nessa” tem a voz de seu autor. 

Tweedy conversa com o leitor, é aberto ao falar do vício em remédios para enxaqueca e parece um tarado ao contar seu relacionamento com a música, dos discos que ganhou quando pequeno às parcerias com nomes que admira, como Billy Bragg e Mavis Staples.

Por isso, mesmo quem não gosta de Wilco ou mal conhece Tweedy também pode se interessar pela biografia. É uma obra sobre música e família.

Numa das melhores passagens, conta como começou a namorar sua mulher, Sue. A descrição é só mais uma história de amor como tantas outras, mas te faz torcer pelo casal. Tweedy consegue fazer o simples virar algo especial.

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