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Televisão

'The Morning Show' fala de assédio sexual sem ser maniqueísta

Jennifer Aniston e Steve Carell são protagonistas de um dos carros-chefe da plataforma Apple TV+

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The Morning Show

O projeto de “The Morning Show” foi aprovado pela Apple em agosto de 2017. A série estaria entre as primeiras atrações do serviço de streaming da empresa, a Apple TV+, que começou a operar mundialmente no último dia 1º.

O projeto era mesmo de peso. Baseado no livro “Top of the Morning”, do jornalista Brian Stelter, “The Morning Show” é uma comédia dramática ambientada nos bastidores de um telejornal matutino. Entre os protagonistas, dois nomes que marcaram a história da TV —Jennifer Aniston (de “Friends”) e Steve Carell (de “The Office”).

Os roteiros da primeira temporada já estavam escritos quando o movimento #MeToo eclodiu, com denúncias de abuso sexual contra figurões do showbiz, entre eles o o produtor Harvey Weinstein e o âncora Matt Lauer, do noticiário Today, da rede NBC.

Os produtores de “The Morning Show”, Michael Ellenberg e Reese Witherspoon —outra das estrelas do programa—, sentiram que não podiam ignorar o assunto, e o projeto voltou quase à estaca zero.

O resultado finalmente pode ser conferido. A séria é um dos quatro títulos originais para adultos disponíveis na plataforma. Três episódios estão online, e os próximos serão lançados semanalmente.

O primeiro capítulo já deslancha com a demissão de Mitch Kessler (Steve Carell), um dos anfitriões do telejornal fictício, depois que ex-funcionárias da emissora o acusam de assédio sexual. 

A novidade pega de surpresa Alex Levy (Jennifer Aniston), sua parceira de 15 anos no comando do noticiário. Sentindo-se traída, ela ainda precisa lidar com o rumor de que o canal pretende trocá-la por alguém mais jovem.

Enquanto isso, a repórter Bradley Jackson (Reese Witherspoon), vinda de uma pequena emissora do estado da Virgínia Ocidental, ganha fama depois que um vídeo em que ela aparece discutindo com um grevista viraliza na internet.

Em uma manobra pouco realista, Alex consegue não só se manter no posto, como fazer com que Bradley seja a sua nova parceira. 

Mas “The Morning Show” tem uma vantagem que compensa eventuais exageros. A série não é maniqueísta e mostra Mitch Kessler como um personagem complexo, atordoado por ser o vilão da vez.

“Foi tudo consensual, eu não estuprei ninguém!”, repete ele. De fato, Mitch acha que se comportou como 
um homem normal, só isso.

Feliz com a audiência ampliada pelo escândalo, o diretor Cory Ellison (Billy Crudup) tem um plano maquiavélico —jogar Alex contra Bradley, apostando na rivalidade feminina. Mas os próximos episódios prometem uma inesperada aliança entre as duas.

Escrita, produzida e dirigida por uma equipe onde predominam mulheres, o seriado pode se tornar a primeira resposta importante de Hollywood a uma onda que está abalando as estruturas de poder não só da indústria do entretenimento, mas da sociedade como um todo.

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