Como previsto, foi forte o impacto no mercado editorial causado pelo fechamento das livrarias em decorrência da crise causada pelo novo coronavírus. O setor viu seu faturamento cair quase pela metade em abril, mostra a última edição do Painel do Varejo de Livros no Brasil, levantamento feito mensalmente pela Nielsen Bookscan.
O mercado livreiro perdeu 47% do seu faturamento no último mês, na comparação com o mesmo período no ano passado. Se em abril de 2019 as vendas ficaram em cerca de R$ 125 milhões, agora elas despencaram para R$ 67 milhões.
A queda é semelhante (45%) quando se avalia o número de exemplares vendidos nos dois períodos. No ano passado, cerca de 3 milhões de livros tinham sido vendidos —já agora, esse número foi de 1,5 milhão.
A pesquisa mostra também que, para tentar alavancar as vendas mesmo em tempos de crise, editoras e livrarias parecem apostar em descontos maiores a fim de atrair leitores —no ano passado, o desconto médio no período era de 16% e, agora, saltou para 24%.
Já os números de novos ISBNs —número de identificação que todo livro recebe antes de ser lançado— caiu 22% no período analisado. Desde o fechamento do varejo, diversas editoras cancelaram ou adiaram lançamentos por tempo indeterminado.
O mercado de livros é atingido depois de já vir enfrentando uma crise profunda, que culminou, no ano passado, com a entrada em recuperação judicial dos dois principais canais de venda do setor, a Saraiva e a Livraria Cultura.
As duas redes já pediram à Justiça autorização para apresentar aditivos a seus planos de recuperação judicial, porque começaram a ter dificuldades para pagar seus credores.
Na semana passada, a pedido de um grupo de grandes editores, a Justiça determinou que a Saraiva devolva metade dos livros quem tem nos seus estoques em lojas físicas ou no seu centro de distribuição, em Cajamar, na Grande São Paulo.
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