Sob forte impacto da pandemia do novo coronavírus, o ano de 2020 registrou cerca de US$ 50,1 bilhões (ou R$ 282 bilhões, na cotação atual) em vendas de obras de arte e de antiguidades, o que representa uma queda de 22% em relação ao ano anterior.
Os dados são do relatório anual da Art Basel divulgado nesta terça (16) pelo maior grupo internacional de feiras de arte. O documento traz uma análise global do mercado do setor no ano passado, detalhando a turbulência econômica sofrida por segmentos como galerias, leilões e feiras de arte.
A Covid-19 provocou a maior recessão do mercado de arte global desde a crise financeira de 2009, que abalou o mundo todo, de acordo com os dados divulgados.
O relatório mostra que a pandemia foi também responsável pelo crescimento de vendas online no setor. Elas tiveram um recorde de US$ 12,4 bilhões (R$ 69,7 bilhões), o que é 25% do valor total das ações comerciais do setor. Em 2019, o mercado digital se limitava a apenas 9% dessas vendas.
“O mercado artístico estava numa posição muito particular no enfrentamento às realidades da pandemia da Covid-19, porque é habitado principalmente por pequenas empresas que dependem de compras discricionárias, viagens e contato pessoal”, afirmou Clare McAndrew, especilalista em economia da cultura e fundadora da empresa de consultoria Arts Economics.
"A queda nas vendas era inevitável. Mas a crise também proporcionou o ímpeto para mudança e reestruturação [do setor], sobretudo a mais fundamental, o lançamento de estratégias digitais e vendas online, que ficaram para trás em outras indústrias."
Mais da metade das feiras de arte do mundo foram canceladas no ano passado. Agora, cerca de 80% dos colecionadores com grande patrimônio líquido pretendem retornar à ativa em 2021.
Em 2020, os colecionadores de arte compraram —em maioria— de maneira conservadora, dando preferência a galerias com quem já têm alguma relação estabelecida.
As casas de leilão aumentaram em 36% suas vendas online, mas diminuíram em 30% as vendas públicas.
"As descobertas do relatório são críticas, não apenas em termos de um dos anos mais incomuns e desafiadores que o mercado de arte global já enfrentou, mas também em relação ao que eles apontam para o futuro da nossa indústria", afirmou Noah Horowitz, um dos diretores da Art Basel, que em anos normais realiza três feiras de grande porte no mundo, em Hong Kong, Basileia e Miami.
O relatório mostra ainda que a participação feminina em compras da indústria cresceu em 13% e ultrapassou a masculina.
Embora os principais mercados de arte do mundo —Estados Unidos, Reino Unido e China— tenham apresentado uma queda nos negócios, eles continuam a dominar o valor de vendas e representaram 82% do total de 2020.
Comentários
Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.