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Cinema

'Os Segredos de Madame Claude' tem roteiro fraco e beira o pornô soft

Filme sobre cafetina, da diretora Sylvie Verheyde, fracassa ao tentar ir além das delícias e desprazeres da prostituição

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Os Segredos de Madame Claude

  • Onde Netflix
  • Elenco Karole Rocher, Garance Marillier e Roschdy Zem
  • Direção Sylvie Verheyde

Não deixa de ser curioso o fato de que “Os Segredos de Madame Claude”, que estreou no início do mês na Netflix, seja dirigido por uma mulher.

Afinal, esperava-se um olhar menos estereotipado das desventuras da cafetina Fernande Grudet (1963-2015), que ficou famosa no mundo inteiro nos anos 1960 e 1970 sob a alcunha de madame Claude (há um outro filme, “Madame Claude”, de 1977, também francês e igualmente sem brilho).

A diretora Sylvie Verheyde, no entanto, apresenta um filme raso, de roteiro fraco e que, dada a profusão de mulheres peladas ou de lingerie, poderia se inscrever tranquilamente no gênero de pornôs soft. A classificação indicativa da Netflix é de 16 anos.

O caso é que o filme ambiciona ir além das delícias e desprazeres da vida de cafetina e da prostituição.

Enquanto passeia pelas mansões e pelos quartos onde as “filhas” de Claude recebem políticos e atores de primeira grandeza (Marlon Brando é um dos que tocam a campainha do prostíbulo no filme), o longa não chega a irritar. Aliás, a trilha sonora de rocks sessentistas e de canções românticas francesas são o ponto alto da obra.

O problema ocorre quando a diretora tenta explicar a derrocada de madame Claude. Suas ligações com políticos da alta esfera e com embaixadores ou cônsules de nações rivais atraem o interesse do serviço secreto francês. Claude, então, acaba obrigado a pôr suas meninas para espionar, fotografar e ajudar na chantagem de vários desses personagens.

Alguns anos depois, no entanto, com a troca de poder no governo francês, ela se torna um calcanhar de Aquiles e precisa ser anulada. O filme de espionagem que se segue é terrivelmente confuso.

Personagens são citados a torto e a direito e custa conseguir acompanhar o que está acontecendo. Uma hora ela está bem com a polícia, na outra, é perseguida, e não se entende bem como passamos de um ponto para outro.

As interpretações de Karole Rocher, como madame Claude, e Roschdy Zem, como sua braço direito, não comprometem, mas também estão longe de serem notáveis.

A diretora também não chega a ter uma obra respeitável, apesar de seu penúltimo filme ter chamado a atenção. “Confissões de um Jovem Apaixonado”, de 2012, trazia Charlotte Gainsburg e Pete Doherty (da banda de rock Libertines) como protagonistas, mas a crítica não perdoou. Cássio Starling Carlos, da Folha, avaliou o filme como ruim na ocasião.

Talvez esse seja um pouco menos ruim, mas falta muito para que Sylvie Verheyde esteja à altura das vozes mais interessantes do cinema francês recente.​

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