Descrição de chapéu Artes Cênicas

Teatros ingleses começam a reabrir após um ano fechados devido à Covid-19

Medidas de distanciamento entre espectadores, no entanto, ainda reduzem lucratividade de espetáculos

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Imran Marashli
Londres | AFP

A cortina sobe novamente nesta semana nos teatros britânicos, após um ano de fechamento por causa da pandemia da Covid-19, um vislumbre de esperança para um setor cultural fortemente atingido.

Denise O'Brien, uma professora universitária de 49 anos, aproveitou a oportunidade para ir ao Bridge Theatre de Londres, onde os espetáculos foram retomados, na segunda (17).

Mulher branca canta em palco
Audrey Brisson, do elenco de ''Amelie'', no West End London, em 13 de maio de 2021. Picture taken May 13, 2021. REUTERS/John Sibley ORG XMIT: HFSJSI809 - John Sibley/Reuters

"Estamos realmente num ambiente sob controle. Sempre gostei do teatro, o setor morreria, se não o frequentarmos", declarou à AFP.

Heather Alderson, de 56 anos, que trabalha com publicidade, enfrentou a chuva e saiu do trabalho uma hora mais cedo para ir ao teatro pela primeira vez em 12 meses.

Existem mil maneiras de contar uma história, "mas nada melhor do que o teatro, devido sua imersão e sua vida", afirma.

A peça "A Ratoeira", de Agatha Christie, recorde mundial de longevidade nos palcos, ressurgiu no West End de Londres, o distrito dos teatros, na segunda.

O musical "Os Miseráveis" será retomado na quinta, no Sondheim Theatre, e "Sonho de uma Noite de Verão", de Shakespeare, na quarta, no Globe Theatre.

O fechamento dos teatros pôs em risco milhares de empregos ao longo de 2020, um ano marcado por restrições.

Apesar da reabertura, muitas salas não receberão espectadores neste momento, porque as medidas de distanciamento entre os espectadores reduzem a lucratividade de alguns espetáculos. Apenas um terço dos teatros do West End planeja reabrir, por exemplo.

"Tudo o que queremos é poder reabrir completamente, mas já é ótimo poder fazer isso parcialmente", disse à AFP o diretor da London Theatre Society e da organização UK Theatre, Julian Bird.

Alguns meses atrás, ele estimou que 70% dos teatros corriam risco de falência sem o apoio do Estado.

Um estudo da Federação das Indústrias Criativas previu a perda de 200 mil empregos, se o governo não interviesse. O Executivo desembolsou, então, quase £1,6 bilhão (R$ 11,9 bilhões) para o setor cultural.

Agora, Julian Bird está mais otimista quanto ao futuro do teatro e do West End, que, em 2019, atraiu mais de 15 milhões de visitantes, com um faturamento de quase £800 milhões.

"O panorama ainda é confuso, mas não tão ruim quanto esperávamos", avaliou ele. "Muito se aprendeu sobre a Covid, e estou orgulhoso de que as salas sejam seguras."

Segundo ele, "novos espetáculos estão chegando", cheios de criatividade.

O apoio do governo permitiu que algumas estruturas continuassem funcionando, mas os autônomos, que representam cerca de 70% dos trabalhadores do setor, foram duramente prejudicados pelos confinamentos e pela precariedade.

Pessoas encenando em palco
Elenco de "Amelie" no West End London, em 13 de maio de 2021 - John Sibley/Reuters

Robbie Butler, técnico de iluminação de 27 anos, trabalhava no West End antes da pandemia. Sua baixa renda o forçou, porém, a ingressar em outros empregos e a se mudar com sua família para Glasgow para sobreviver.

"É difícil fazer planos com tudo o que aconteceu no ano passado", afirmou. "Depois de um tempo é frustrante, você sente que eles o tratam com desdém."

Apesar das dificuldades, a reabertura progressiva da sociedade e da economia parece estar trazendo a esperança de volta.

"Os contratos começam a chegar, e o telefone volta a tocar. O mundo volta a funcionar, embora também haja apreensão", disse Butler.

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