Descrição de chapéu
Cinema

'Em um Bairro de Nova York' é aposta fracassada do cinema pós-Covid

Musical, do mesmo criador de 'Hamilton', não atinge expectativas, apesar de ser sensual e emocionante

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

A estreia do musical "Hamilton" no Disney+, quase um ano atrás, foi um choque para Hollywood e a indústria de streaming, na pandemia. Foi a produção mais vista em julho nos Estados Unidos, atingindo mais de um terço dos assinantes de vídeo por demanda, apesar do alcance ainda limitado do serviço da Disney. O segundo colocado, da Netflix, somou público três vezes menor.

Mais importante, "Hamilton", filmado a partir de apresentações na Broadway, se revelou o maior atrativo de assinaturas para o Disney+ até então, ajudando ainda a retirar do serviço a marca de se restringir aos públicos infantil e adolescente.

Não é surpresa que as concorrentes HBO Max e Netflix tenham apostado em outros dois musicais vinculados ao criador de "Hamilton", Lin-Manuel Miranda, respectivamente "Em um Bairro de Nova York" e "Tick, Tick... Boom!". O primeiro acaba de estrear em streaming e nos cinemas americanos; o segundo está programado para o final do ano e divulgou seu primeiro vídeo promocional. Ambos já tiveram montagens brasileiras, para o palco.

Não são os únicos musicais em que os estúdios e plataformas americanos investiram, nessa onda, que também deve trazer o "West Side Story" dirigido por Steven Spielberg e uma versão cinematográfica de "Dear Evan Hansen", premiado espetáculo de cinco anos atrás, na Broadway.

Mas toda a expectativa criada a partir dos resultados de "Hamilton" foi posta em xeque, agora, com os primeiros números de "Em um Bairro de Nova York". Nos cinemas, a projeção era de uma bilheteria de mais de US$ 20 milhões, ou R$ 100,4 milhões, no fim de semana. Foi saudado, nas criticas, como o filme do verão.

O musical se passa em Washington Heights, bairro de imigrantes latino-americanos no oeste de Manhattan, numa temporada de muito calor, agravada por pedidos para racionar o uso de ar-condicionado e por um apagão. A trama se concentra em quatro jovens de diferentes origens e seus amigos e parentes, com coreografias nas ruas, numa piscina comunitária e até nas paredes de um prédio.

É sensual e emocionante, pelo esforço dos protagonistas para escapar da pobreza, mas não foi além de US$ 11,4 milhões, ou R$ 57,2 milhões. Perdeu para uma franquia menor e que já vinha da semana anterior.

Pior, falando à agência de notícias Associated Press, um produtor deu a entender que "Em um Bairro de Nova York" alcançou também na HBO Max um "nível baixo" de audiência para streaming.

O lançamento híbrido seria uma hipótese para explicar os números frustrantes, mas outros filmes que estrearam recentemente nas duas janelas ao mesmo tempo, blockbusters como "Godzilla vs Kong", foram bem.

Outra possibilidade seria a ausência de estrelas entre os protagonistas, vindos em parte do teatro musical, o que dificultaria avançar para fora do nicho original de público. As próximas apostas terão nomes mais conhecidos, como Andrew Garfield e Vanessa Hudgens em "Tick, Tick... Boom!" ou Ben Platt em "Dear Evan Hansen", mas o suposto fenômeno da associação de musicais ao streaming virou dúvida.

Talvez tenha sido apenas um reflexo da pandemia, como chegaram a alertar analistas do setor, já no ano passado. Ou talvez o fenômeno seja restrito a "Hamilton", uma obra única, de fato, inclusive no teatro.

Em um Bairro de Nova York

  • Quando Estreia nesta quinta (17)
  • Onde Nos cinemas
  • Classificação 12 anos
  • Elenco Anthony Ramos, Corey Hawkins, Lin-Manuel Miranda
  • Produção Estados Unidos, 2021
  • Direção Jon M. Chu
  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Tópicos relacionados

Leia tudo sobre o tema e siga:

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.