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Cannes premia a diretora Julia Ducournau, de 'Titane', com a Palma de Ouro

É a segunda vez que uma mulher é premiada em 74 edições; Brasil ganhou menção especial pelo curta 'Céu de Agosto'

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São Paulo

O filme "Titane", da francesa Julia Ducournau, foi o vencedor da Palma de Ouro, principal prêmio do Festival de Cannes, mais importante mostra cinematográfica do calendário.

O feito é histórico —trata-se da segunda vez, em 74 edições, que uma diretora mulher vence a Palma de Ouro. Antes de Ducourneau, apenas a neozelandesa Jane Campion havia levado a honraria, em 1993, por "O Piano", e ainda assim dividida com "Adeus Minha Concubina", de Chen Kaige. A diretora Agnès Varda também já ganhou a Palma de Ouro, mas foi honorária, pelo conjunto da carreira.

As premiações foram decididas pelo júri presidido pelo cineasta americano Spike Lee e tiveram participação de um brasileiro, o diretor Kleber Mendonça Filho, codiretor de “Bacurau” —que há dois anos levou o prêmio do júri no festival.

Lee, inclusive, cometeu um engano e acabou anunciando o vencedor da Palma de Ouro, tradicionalmente a última revelação, antes de outros prêmios da competição. O cineasta se confundiu quando a mestre de cerimônias, a atriz francesa Doria Tillier, pediu que ele divulgasse "o primeiro prêmio" da noite —e não quem teria ganhado em primeiro.

“Eu não tenho desculpas. Eu errei. Sou um grande fã de esportes. É como o cara no final do jogo na linha de falta, ele erra o pênalti, ou um cara erra um chute”, justificou o diretor de "Faça a Coisa Certa". “Em 63 anos de vida aprendi que as pessoas têm uma segunda chance. Essa é a minha segunda chance. Peço desculpas por bagunçar tudo. Levou muito suspense durante a noite, eu entendo, não foi de propósito.”

A história de "Titane", mistura de drama, comédia, suspense, ação e ficção científica, conta a trajetória de uma mulher que, após sofrer um acidente na infância, sente uma atração erótica por carros.

Sobre a premiação, Lee comentou que ficou impressionado pela "loucura genial" do filme de Ducournau, destacando o episódio em que a protagonista do filme fica grávida de um Cadillac. Sobre ter presidido o júri, o cineasta disse que teve a ideia de "não repercutir o imperialismo americano, mas valorizar a democracia e os diferentes pontos de vista".

Em sua passagem pelo festival, Spike Lee não poupou comentários polêmicos, tecendo comentários sobre o presidente brasileiro Jair Bolsonaro, Donald Trump e Vladimir Putin, os quais chamou de "gângsteres".

O Brasil, que concorria na seleção oficial com dois curtas-metragens, acabou levando menção honrosa nesta categoria pelo paulista "Céu de Agosto", de Jasmin Tenucci, sobre uma mulher grávida que frequenta uma igreja neopentecostal e vive sob os efeitos da poluição advinda das queimadas.

O Grande Prêmio do Júri, segundo prêmio mais importante da competição principal, acabou dividido entre o iraniano "O Herói", de Asghar Farhadi, e o finlandês "Hytti Nº 6", de Juho Kuosmanen.

Aos 81 anos, o diretor italiano Marco Bellocchio, que competiu pela última vez na mostra com "O Traidor", recebeu uma Palma de Ouro honorária por sua carreira.

O júri deste ano teve maioria feminina, com nomes como a diretora franco-senegalesa Mati Diop, que ganhou o Grande Prêmio de Cannes em 2019 com "Atlantique", a cantora e compositora canadense Mylène Farmer, a atriz e diretora americana Maggie Gyllenhaal, a diretora e roteirista austríaca Jessica Hausner e a atriz e diretora francesa Mélanie Laurent. O corpo de jurados também teve os atores Tahar Rahim, da França, e Song Kang-ho, da Coreia do Sul —um dos protagonistas de "Paraista", ganhador da última Palma de Ouro.

A 74ª edição de Cannes, mais importante festival do cinema, acabou neste sábado (17), na cidade costeira francesa, adiada em dois meses por causa da Covid-19. No ano passado, o coronavírus também impediu a realização de um evento presencial.

PREMIADOS NA COMPETIÇÃO PRINCIPAL

Palma de Ouro
'Titane', de Julia Ducournau

Grande Prêmio do Júri
'O Herói', de Asghar Farhadi, e 'Hytti Nº 6', de Juho Kuosmanen

Prêmio do Júri
'Memoria', de Apichatpong Weerasethakul, e 'Ha’Bereche', de Nadav Lapid

Direção
Leos Carax, por 'Annette'

Ator
Caleb Landry Jones, por 'Nitram', de Justin Kurzel

Atriz
Renate Reinsve, por 'The Worst Person in the World', de Joachim Trier

Roteiro
'Drive My Car', de Ryusuke Hamaguchi

Caméra D'Or
'Murina', de Antoneta Alamat Kusijanovic

Palma de Ouro de curta-metragens
'All the Crows in the World', de Tang Yi

Menção especial a curta-metragem
'Céu de Agosto', de Jasmin Tenucci

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