Netflix quer criar universo com obras de Roald Dahl, criador de 'Matilda'

Antissemita, britânico também escreveu 'A Fantástica Fábrica de Chocolate' e 'James e o Pêssego Gigante'

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São Paulo | AFP

A Netflix comprou a empresa que administra os direitos autorais do gigante da literatura infantojuvenil Roald Dahl, autor do livro "A Fantástica Fábrica de Chocolate", adaptado duas vezes para o cinema, anunciou a plataforma de streaming, nesta quarta (22).

A aquisição, que não teve o valor revelado, é resultado de uma colaboração iniciada há três anos entre a Netflix e os herdeiros do escritor britânico, que vendeu mais de 300 milhões de livros em todo o mundo. Suas obras foram traduzidas para 63 idiomas.

Em novembro de 2018, como parte de um acordo, a Netflix anunciou que adaptaria para séries de animação os grandes sucessos de Dahl.

Taika Waititi, diretor neozelandês de "Jojo Rabbit", está preparando a primeira dessa leva, inspirada no universo de "A Fantástica Fábrida de Chocolate".

Com a compra da Roald Dahl Story Company, dirigida pelo neto do escritor, Luke Kelly, a Netflix anunciou que pretende ir mais longe, com projetos editoriais, de jogos, teatro e produtos derivados.

Nascido em Gales, no Reino Unido, de pais noruegueses, Roald Dahl conquistou fama mundial com seus livros para as crianças, como "Matilda", "As Bruxas" ou "James e o Pêssego Gigante". A Netflix, no entanto, não comentou as polêmicas envolvendo Dahl, que se declarava antissemita.

“Há um traço no caráter do judeu que provoca animosidade, talvez seja um tipo de falta de generosidade com os não judeus", disse o escritor à revista britânica New Statesman, em 1983. "Sempre existe uma razão pela qual 'o anti-qualquer coisa' surge; até mesmo um fedorento como Hitler não os importunou sem motivo."

Meses antes ele já havia dito que os judeus são “uma raça de pessoas que mudou rapidamente de vítimas lamentáveis a assassinos bárbaros". A frase foi escrita por ele numa resenha literária ao Literary Review.

Um bilhete premiado dentro de um chocolate está escrito 'netflix'
Cartaz do anúncio da compra em que a Netflix adquire os direitos de Roald Dahl - Netflix/Reprodução

Além disso, em 1990, o escritor disse ao jornal britânico The Independent que "definitivamente" era "anti-israelense e antissemita", porque se incomodava ao ver judeus "de países como a Inglaterra apoiando o sionismo".

Em 2018, a Casa da Moeda Real britânica rejeitou uma proposta de celebrar Dahl com uma moeda, devido a suas declarações antissemitas.

No ano passado, familiares de Dahl pediram desculpas pelos comentários do escritor, em uma declaração publicada em seu site.

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