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Bienal de Havana sofre boicote de artistas cubanos no rastro de série de prisões

Tania Bruguera e Coco Fusco estão entre dezenas de nomes contra detenções de pensadores pelo governo

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São Paulo

Dezenas de artistas cubanos decidiram boicotar a próxima edição da Bienal de Havana, que começa em novembro, e convocaram seus colegas de profissão a fazer o mesmo.

Em comunicado divulgado por email e assinado por figuras importantes como a performer Tania Bruguera, a pensadora Coco Fusco e um dos fundadores do coletivo Los Carpinteros, Marco Castillo, os artistas explicam os motivos.

“Dizemos não à participação na Bienal de Havana pelas injustiças cometidas pelo governo cubano contra os profissionais das artes cubanos e contra os cidadãos cubanos que buscam exercer seus direitos constitucionais”, afirma o texto.

“Dizemos não à Bienal de Havana porque os artistas cubanos estão há meses na prisão, porque dezenas de profissionais das artes estão em prisão domiciliar, porque mais de mil de nossos concidadãos foram presos durante os protestos em massa ocorridos em 11 de julho”, prossegue.

O comunicado afirma ainda que centenas seguem presos e que os artistas esgotaram os meios para tentar libertar colegas, depois de terem feito petições, enviado cartas e produzido música e arte de protesto, além de terem alertado a imprensa. Eles também tentaram uma conversa com o Ministério da Cultura e líderes da ditadura cubana.

A 14ª edição da Bienal de Havana tem como lema "futuro e contemporaneidade" e ocorre entre 12 de novembro e 30 de abril de 2022, em três momentos diferentes. Em seu perfil no Instagram, o evento se apresenta como inclusivo, ecológico e também como um espaço para o diálogo, a liberdade de expressão e a criação artística.

Nos últimos anos, o governo da ilha socialista vem prendendo ou cerceando a liberdade de dezenas de artistas, num contexto de repressão da criação e da expressão. Uma das mais notórias este ano foi a do artista plástico Hamlet Lavastida, detido em sua casa após voltar de uma residência artística em Berlim.

A demanda por liberdade de pensamento e para que artistas sejam deixados em paz esteve na pauta dos protestos que tomaram as ruas de dezenas de cidades da ilha em julho, considerados por historiadores como os maiores atos locais nas últimas três décadas.

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