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Coleção Folha traz obra de René Descartes precursora da ciência moderna

'Regras para a Orientação do Espírito' esboça o definitivo 'O Discurso do Método', com diretrizes para o bom uso da razão

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São Paulo

Ele virou definição de racionalidade em dicionário, e é tido como pai tanto da filosofia quanto da matemática moderna. Contemporâneo de guerras religiosas, das inovações tecnológicas de Galileu e Torricelli, das pinturas de Rembrandt, das peças de Molière e das óperas de Monteverdi, o francês René Descartes é o autor de "Regras para a Orientação do Espírito", quarto volume da Coleção Folha Os Pensadores, com tradução de Maria Ermantina de Almeida Prado Galvão.

"Penso, logo existo", que em latim é "cogito ergo sum", é a frase mais célebre de Descartes, que ele inseriu em seu "Discurso do Método", de 1637. No dicionário "Houaiss", cartesiano é "que ou o que apresenta os caracteres racionais rigorosos e metódicos", ou, ainda, "que ou o que se caracteriza pelo bom senso e a seriedade" —características atribuídas ao pensamento de Descartes.

Dentre inúmeras proezas, ele estabeleceu um sistema de coordenadas (a chamada geometria analítica), contribuiu com a física (em "O Mundo ou O Tratado da Luz") e se debruçou sobre a medicina, elaborando uma teoria do sistema circulatório e uma dos reflexos.

pintura de homem do século 17
Retrato do filósofo, físico e matemárico francês René Descartes pintado pelo neerlandês Frans Hals em circa 1649-1700 - Wikimedia Commons/Reprodução

Falar em realizações intelectuais tão alentadas traz à mente um pensador encerrado em uma torre de marfim e alheado dos tormentos do mundo. Nada mais distante da biografia de Descartes, que o leitor pode acompanhar na cronologia incluída neste volume da Coleção Folha Os Pensadores.

Séculos antes das comodidades do trem e do avião, Descartes cruzou uma Europa dilacerada pela Guerra dos 30 Anos, que ocorreu de 1618 a 1648, tendo se alistado, na Holanda, no Exército de Maurício de Nassau —o mesmo que governaria as possessões flamengas no Brasil—, bem como nas forças católicas do duque da Baviera.

Por fim, se instalou, em 1649, a convite da rainha Cristina, em Estocolomo, onde morreria no ano seguinte. A monarca ofereceu para os funerais o principal templo da cidade, mas Chanut, embaixador da França, recusou. O pensador foi enterrado num cemitério reservado aos estrangeiros, órfãos e pagãos. Em 1667 seus restos foram transferidos para a França. Desde 1819 se encontram na igreja de Saint-Germain-des-Près.

Estabelecer um método apto a separar o certo e o errado, a verdade e o falso, é o primeiro passo da transição da filosofia rumo à ciência. O pensamento moderno se demarca do antigo e do medieval quando adota a dúvida para depurar o conhecimento das "certezas" impostas pela via religiosa ou por preconceitos consolidados pela tradição. Descartes ocupa o posto central nessa etapa quando define a matemática como modelo de saber confiável, construído sobre ideias claras, distintas e ordenadas.

Ele estava radicado em sua França natal —então sob a mão de ferro do Cardeal Richelieu, homem forte do monarca Luís 13— quando escreveu, em latim, as "Regras para a Orientação do Espírito" – esboçando já o plano que ele completaria, uma década mais tarde, no "Discurso do Método".

No texto, que ficou inacabado, ele elabora um conjunto de regras que funcionam como exercícios, treinos para o bom uso da razão. A primeira etapa, analítica, permite depurar o confuso e rejeitar as incertezas. A segunda fase, sintética, orienta a ordem das ideias, avançando do mais simples ao complexo.

Descartes planejou 36 regras, mas redigiu apenas 21. A obra seria publicada postumamente, só em 1701. E, no mesmo ano em que escreveu as "Regras", o filósofo deixou o solo francês e partiu para a Holanda, onde permaneceria até 1649.

Na primeira regra, o pensador afirma que "os estudos devem ter por meta dar ao espírito uma direção que lhe permita fomular juízos sólidos e verdadeiros sobre tudo que se lhe apresenta". E preconiza, em defesa da multidisciplinaridade que foi a marca de sua atuação, que "se alguém quer procurar seriamente a verdade, não deve escolher uma ciência específica: todas elas são unidas entre si e dependem umas das outras".

Como resultado, quem fizer isso "ficará todo espantado de ter feito progressos bem superiores aos dos homens que se aplicam a estudos especializados, e de ter conseguido não só a posse de tudo quanto os outros desejam, mas também de coisas mais elevadas do que aquelas que podem permitir-se esperar".


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