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Paulo Niemeyer é eleito para Academia Brasileira de Letras e Munduruku perde

Médico é escolhido para cadeira na instituição que também acolheu Gilberto Gil e Fernanda Montenegro

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São Paulo

O médico e escritor carioca Paulo Niemeyer Filho foi eleito nesta quinta-feira para a cadeira de número 12 da Academia Brasileira de Letras.

Ele obteve 25 votos numa eleição em que concorria contra o educador indígena Daniel Munduruku e o escritor Joaquim Branco pela vaga deixada pelo crítico literário Alfredo Bosi. No total, votaram 34 acadêmicos.

paulo niemeyer filho
O neurocirurgião Paulo Niemeyer Filho, novo imortal da ABL - Jorge Araújo/Folhapress

Niemeyer é neurocirurgião e autor de "No Labirinto do Cérebro", obra de não ficção publicada ano passado pela Objetiva, em que procura explicar de forma acessível o funcionamento do órgão. O novo imortal também é diretor médico do Instituto Estadual do Cérebro Paulo Niemeyer, membro da Academia Nacional de Medicina e professor da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro.

Não se trata do primeiro médico a integrar a ABL —o cirurgião plástico Ivo Pitanguy, por exemplo, fez parte da Academia de 1991 até sua morte, em 2016.

Uma petição com mais de cem assinaturas de escritores e personalidades da cultura circulou na última semana em defesa da candidatura de Munduruku, que é autor de dezenas de livros infantojuvenis, reforçando a importância de uma liderança indígena integrar a Academia Brasileira de Letras.

A pressão não deu certo, assim como havia acontecido três anos atrás com a candidatura de Conceição Evaristo, que também motivou um forte movimento com a bandeira da representatividade.

daniel munduruku com livro em frente a estante
O escritor indígena Daniel Munduruku tem três livros concorrendo a Prêmio Jabuti 2021 e disputa uma cadeira da Academia Brasileira de Letras - Divulgação

A nova eleição vem na esteira de outros momentos de grandes holofotes para a Academia, que adicionou dois nomes reluzentes aos seus quadros nas últimas semanas: o cantor e compositor Gilberto Gil e a atriz Fernanda Montenegro.

Como a produção literária de ambos não é tão relevante quanto sua atuação em outros campos artísticos, as escolhas ensejaram um debate sobre uma mudança no escopo da instituição, que estaria buscando se popularizar.

Em entrevista, o presidente da ABL, Marco Lucchesi, afirmou que a entidade tem se aberto recentemente a um senso mais amplo de cultura. "A Academia absorveu o conceito antropológico de cultura, no qual a literatura é um capítulo essencial, mas não exclusivo."

A eleição de um médico vem como mais um passo nessa direção. Há mais duas cadeiras declaradas vagas na Academia, que serão alvo de escrutínio dos acadêmicos nas próximas semanas.

Na próxima quinta-feira, 25, seis nomes disputam a vaga deixada por Marco Maciel, que foi vice-presidente durante os mandatos de Fernando Henrique Cardoso e morreu em junho.

E em 16 de dezembro, são dez candidatos à cadeira antes ocupada pelo professor de filosofia Tarcísio Padilha, incluindo o advogado Sérgio Bermudes, o escritor Gabriel Chalita e o economista Eduardo Giannetti da Fonseca.

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