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'And Just Like That' é mais que uma nova temporada de 'Sex and the City', diz criador

Michael Patrick King e atrizes falam sobre programa que promete mais diversidade após se restringir a bolha privilegiada

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São Paulo

É sempre arriscado ressuscitar uma série. Atores envelhecem, situações perdem o sentido e o mundo inteiro não é mais o mesmo. Às vezes, um revival parece uma peça de museu. Foi o caso de "Will & Grace", que voltou ao ar 11 anos depois de terminar pela primeira vez.

"Sex and the City" quer escapar dessa cilada. A sitcom sobre quatro amigas em busca de amor e sexo em Nova York acaba de reencarnar como "And Just Like That...", cujos primeiros episódios já estão disponíveis na plataforma HBO Max. ​

O criador da série, Michael Patrick King, faz questão de frisar que "este é um outro programa". "Não é uma nova temporada de 'Sex and the City'. É um derivado do original —parecido, mas não idêntico. As personagens não são mais as mesmas de 20 anos atrás."

Para falar sobre essas mudanças, King e as atrizes Cynthia Nixon, Kristin Davis, Sarita Choudhury, Sara Ramírez, Nicole Ari Parker e Karen Pittman conversaram com jornalistas do mundo inteiro, por videoconferência. Este repórter participou do encontro.

Faltou Sarah Jessica Parker, que vive a protagonista Carrie Bradshaw. Ela, Nixon e Davis são remanescentes do elenco original. Como foi amplamente noticiado, Kim Cattrall, a intérprete da fogosa Samantha Jones, se recusou a participar dessa nova versão.

"Nós quisemos ir além de uma explicação simples como ‘Samantha se mudou para Londres’", diz King. "Logo no primeiro episódio, o espectador fica sabendo que ela e Carrie tiveram um desentendimento sério, inclusive por causa de dinheiro, e que continuam estremecidas." Nada muito diferente do que aconteceu na vida real, aliás. "Mas, mesmo a distância, Samantha ainda está presente na trama."

Kristin Davis não esconde sua empolgação. "Foi ótimo reencontrar [a personagem]", afirma atriz sobre seu papel. "Charlotte York faz parte da minha vida há mais de duas décadas, e é claro que há muito de mim nela."

Quando "And Just Like That..." começa, Charlotte parece plenamente realizada. Segue casada e feliz com o advogado Harry Goldenblatt, e as filhas adotivas do casal já estão na adolescência. Mas um acontecimento traumático, que nem sequer a atinge diretamente, faz com que a sempre alegre Charlotte exploda em lágrimas.

"Ela sempre foi a mais emotiva das amigas", prossegue Davis. "Mesmo com tantas coisas boas em sua vida, Charlotte carrega mágoas do passado, como os abortos espontâneos que sofreu. E ela é uma antena —o mundo anda muito triste, então ela capta essa tristeza toda."

Se Charlotte não mudou tanto, o mesmo não pode ser dito de Miranda Hobbes, vivida por Cynthia Nixon. Depois de trabalhar por mais de 30 anos como advogada corporativa, Miranda poderia se aposentar e curtir a família. Mas prefere voltar à universidade e fazer mestrado, estudando ao lado de jovens que poderiam ser seus filhos.

"Miranda está desafiando a si mesma. Ela quer deixar no mundo algo mais do que as pegadas de uma advogada de grandes empresas. Coisas como o movimento Black Lives Matter e o assassinato de George Floyd mexeram muito com ela", conta Nixon —que, assim como Parker e Davis, também é produtora-executiva da série.

Já na época em que estreou, "Sex and the City" era acusada de retratar uma bolha privilegiada, onde circulavam apenas pessoas brancas. "And Just Like That..." fez questão de trazer diversidade ao elenco. Karen Pittman e Nicole Ari Parker são negras; Sarita Choudhury, de ascendência indiana; e Sara Ramírez, além de mexicana, se define como uma pessoa não binária. Todas elas interpretam novas amigas do trio original.

"Eu tinha pouca experiência em comédia", diz Choudhury, conhecida por papéis em séries dramáticas como "Homeland". "Pedi para fazer um teste, pois eu mesma não sabia se seria adequada para o papel. Mas sempre fui fã de 'Sex and the City' e mal acredito que agora eu faço parte desse universo."

Como muitas mulheres de sua geração, as novas integrantes do elenco adoram a série original. Além do mais, suas personagens costumam trajar figurinos fabulosos. "Outro dia eu usei um vestido que custava mais caro do que quatro anos de faculdade do meu filho", diz Ari Parker, rindo. "Pena que eu não pude ficar com ele. Por enquanto, só consegui levar uma bolsa italiana para casa."

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