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Tony Goes

'BBB' intervir tão cedo no caso Eli e Jessi explica por que o reality está tão chato

Casa mais vigiada virou a mais policiada, diferentemente de casos como o que resultou na expulsão de brother no 'BBB 12'

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São Paulo

Foi assédio ou brincadeira? Na madrugada desta quinta-feira, devidamente alcoolizados depois de mais uma festa, Eliezer e Jessilane tiveram um atrito na piscina do "Big Brother Brasil". Ele achou que seria engraçadíssimo perseguir a colega dentro d'água e ignorou todos os pedidos dela para que parasse. Em nenhum momento o rapaz tentou arrancar da moça um beijo à força, mas talvez fosse só questão de tempo.

Os participantes do 'BBB' Eliezer e Jessilane
Os participantes do 'BBB' Eliezer e Jessilane - @Eliezer e @Jessilane no Instagram/Reprodução

Antes que isso acontecesse, a produção do reality interveio. Através de um alto-falante, uma voz masculina advertiu Eliezer para que interrompesse imediatamente os avanços sobre Jessi. Desta vez, nem esperaram pela reação das redes sociais, que certamente seria furiosa.

Na sequência, Eli ficou preocupado com uma possível expulsão, e Jessi foi consolar o "brother". Disse que sabia que era só uma brincadeira e que nunca quis prejudicar. Depois, ela admitiu para Linn da Quebrada que até toparia um enrosco com Eli, não estivesse ele já envolvido com Natália, sua melhor amiga dentro da casa.

Mesmo assim, a equipe que cuida das redes sociais de Jessilane soltou uma nota de repúdio, e muitos internautas compartilharam da mesma indignação.

Já a equipe de Eliezer classificou o episódio como "brincadeira em consenso entre os dois". Não dá para defender o "brother". O cara já se mostrou um sem noção de marca maior, e nada comprova que o que ele fez com Jessi não foi mesmo assédio sexual. Agora, será que a produção fez bem em intervir tão cedo? Será que não cortou pela raiz um conflito em potencial, algo que está em falta neste "BBB"?

Virou lugar-comum reclamar que a edição deste ano está morna e que nada de mais acontece. Uma explicação óbvia para o marasmo são os próprios participantes. Os membros do grupo Camarote, que reúne celebridades, estão cautelosos demais. Evitam tretas homéricas para não correrem o risco de serem cancelados pelo público —o destino cruel dos cantores Karol Conká e Projota, tidos como os vilões da temporada passada.

Mas a Globo também está pisando em ovos. A "casa mais vigiada do Brasil" se tornou também a mais policiada. Com o crescimento das redes sociais desde 2010, cada segundo do programa é dissecado online em tempo real, e é raro o dia em que algum participante não seja chamado de racista, machista ou homofóbico. Cada vez mais ciosa do clima reinante, a emissora busca se antecipar aos problemas –e acaba exagerando na dose.

Já aconteceram coisas escabrosas em edições passadas. Dez anos atrás, Daniel Echaniz foi acusado de estuprar Monique Amin, que estava bêbada e desacordada. O caso ocorreu durante a noite de sábado para domingo, e só na segunda é que o rapaz foi expulso. Mais tarde, Daniel foi absolvido pela Justiça.

Foi o episódio mais grave, mas não o único. Um dos mais recentes ocorreu no "BBB" do ano retrasado. O ginasta Petrix Barbosa foi eliminado num paredão, depois de ser acusado de assédio e agressão na internet. Daquela vez, a Globo não interferiu no jogo.

É pertinente discutir se a emissora agiu bem na época. Mas deixar a decisão nas mãos do público, como aconteceu então, me parece mais acertado. Bem ou mal, a polêmica em torno de Petrix movimentou o programa durante quase dez dias.

É ainda mais pertinente debater se o sofrimento alheio pode ser considerado entretenimento. Acontece que o "Big Brother" precisa de conflitos para se concretizar. Ninguém sintoniza o programa para ver um bando de gente cantando e se abraçando.

Vale lembrar que esse era o objetivo de Tiago Abravanel. O ator defendeu que este seria o "BBB do amor", demonstrando total incompreensão dos objetivos do reality. Jogou panos quentes o mais que pôde e acabou pedindo para sair quando percebeu que poderia ir ao paredão.

Boninho e sua equipe estão, a uma hora dessas, pensando em novas dinâmicas para agitar o "BBB". Vai ser difícil, porque a temporada já se aproxima da metade e só restam 14 jogadores dentro da casa.

Com quase dois meses pela frente e um elenco minguante, talvez a produção devesse perder um pouco o medo do cancelamento e deixar as tretas eclodirem naturalmente. Seria mais interessante, por exemplo, ver Jessilane se defendendo dos avanços indesejados de Eliezer, sozinha ou com o apoio das amigas.

De qualquer forma, o público já se voltou contra o rapaz. Ele será eliminado assim que for a um paredão.

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