Djavan abre o jogo sobre Parkinson, 'Flor de Lis', Rouanet e Bolsonaro

Cantor lança nesta semana o disco 'D', mais esperançoso e solar do que seu trabalho anterior

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São Paulo

Djavan lança nesta quinta (11) o álbum "D", com 12 faixas, sendo 11 inéditas, e está de volta ao noticiário. Em entrevista à Folha, o cantor e compositor esclareceu algumas mentiras que são ditas sobre ele, e também revelou as histórias que são verdadeiras.

Djavan em imagem de divulgação do álbum 'D'
Djavan em imagem de divulgação do álbum 'D' - Gabriela Schmidt/Divulgação

Veja abaixo o que é mentira e o que é verdade sobre Djavan.

'Flor de Lis'

É mentira que a música "Flor de Lis", um dos maiores sucessos de Djavan, tenha sido inspirada em uma esposa e filha do cantor, que teriam morrido durante um parto. A teoria, muito famosa na internet, dá conta de que a letra trata de uma experiência que Djavan teria tido, em que sua mulher, Maria —nome verdadeiro da ex-mulher do artista—, teria morrido com uma suposta filha do casal, Margarida, durante o parto.

Apesar de estar de fato casado com Maria quando compôs a música, em 1976, ela continua viva, e separada de Djavan. E a teoria, baseada na letra, envolvendo uma filha do cantor chamada Margarida, é totalmente falsa.

Ele já desmentiu a histórias algumas vezes, dizendo que suas músicas raramente se baseiam em histórias reais. "O compositor é um inventor, um criador. Não preciso estar apaixonado para falar de amor", ele diz. "Aliás, falo muito pouco de mim nas canções. As que falo, não deixo dúvida —nêgo percebe na hora que estou falando de mim, da minha mãe, do meu passado, do amor."

Doença de Parkinson

É mentira que Djavan tenha a doença de Parkinson, conforme afirmava um boato que circulou na internet. "O que eu tive foi uma coisa chamada tremor essencial, que é decorrente da escassez de sono", ele diz. "Houve uma época em que eu estava dormindo muito pouco. Então, eu tremia a cabeça. Muita gente achou que eu estava com Parkinson. Mas não."

Confirmando que sofreu da mesma condição que atinge Caetano Veloso, o tremor essencial, Djavan, contudo, disse que já não sente mais as tremedeiras. "Fui a um neurologista, que na hora identificou, disse 'você não tem Parkinson, isso é um tremor essencial. Vou passar um remédio, vai ficar bom'. Ele passou esse remédio e uma semana depois eu já estava completamente bem, sem problema."

Jogador de futebol

É verdade que Djavan jogou futebol na adolescência, antes de pendurar as chuteiras precocemente para iniciar a carreira na música. O cantor jogou nas categorias de base do CSA, de Alagoas, seu time do coração —juntamente com o Flamengo—, para atletas de até 17 anos. É mentira, contudo, que ele tenha chegado ao time de profissionais.

"Eu era titular no time juvenil", afirma​. "Era camisa dez, organizava ali o meio campo. Na verdade, eu e quem me conhecia achávamos que eu ia ganhar dinheiro com aquele negócio, ganhar a vida. Eu também achava. Mas depois que a música se infiltrou mesmo, que eu descobri o violão, comecei a tocar, aprender e tal, o futebol foi ficando para trás."

Criado no bairro do Farol, em Maceió, ele diz que é torcedor doente do CSA, cuja sede ficava localizada no Mutange, na região de Djavan. "Isso vem desde que meu irmão jogava no time de aspirantes. Eu era doido pelo CSA. E pelo Flamengo também. Isso desde pequeno. Quem é CSA, em geral, é Flamengo."

Lei Rouanet e Bolsonaro

Outra mentira envolvendo Djavan dá conta de que ele seria contra a lei Rouanet, e que estaria esperançoso com o governo de Jair Bolsonaro, do Partido Liberal, eleito em 2018. O cantor apenas disse que não tinha usado e não usaria a lei para benefício próprio, mas em entrevista à Folha, há três anos, também afirmou que era favorável à existência da Rouanet.

"Nunca usei e nunca vou usar", disse. "Não gosto de fazer show nem para prefeituras. Quem vai pagar? Se é o povo eu não quero. Rejeitei muito convite. Eu nunca usei porque não preciso e não acho que eu deva usar um dinheiro que pode ser melhor aplicado."

Na mesma entrevista, Djavan defende o mecanismo. "Acho que tem muita gente que precisa ser ajudada pela Lei Rouanet. O Brasil é enorme, precisa de cultura em todos os quadrantes. O povo precisa usufruir disso. Faz sentido. Não reclamo de quem usa. Eu é que peguei para mim a coisa de não recorrer à Lei Rouanet."

A mesma postagem que punha o cantor como contrário a Rouanet trazia uma suposta afirmação de Djavan, na qual afirmava que estava esperançoso com o futuro governo na época da eleição do presidente —na verdade, ele diz, sua esperança era no povo brasileiro.

"Sempre votei no Lula e vou votar nele de novo", diz. "Tive uma relação muito próxima com o Lula tempos atrás e, enfim, vou continuar votando nele. É no que a gente espera que as coisas possam caminhar bem", diz o cantor, que não vai fazer campanha para o petista, como fez na eleição de 1989. "Quero dar minha contribuição de onde eu estou."

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