PerifaCon mostrou que veio para ficar, com público familiar e parcerias de peso

Convenção nerd realizou sua segunda edição em Brasilândia, na zona norte de São Paulo, neste domingo (31)

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Cleberson Santos
São Paulo | Agência Mural

A Fábrica de Cultura da Brasilândia recebeu neste domingo (31) a segunda edição da PerifaCon, evento nerd voltado para o público periférico de São Paulo. O encontro, ocorrido após dois anos de adiamentos em razão da pandemia de Covid-19, teve uma gama maior de patrocinadores e apoiadores em relação à sua versão inaugural, envolvendo mais de 200 pessoas em sua organização.

O público oficial ainda não foi divulgado, mas a percepção é de que a quantidade de visitantes também foi bem maior do que na primeira edição, realizada em 2019 no Capão Redondo, zona sul da capital, em outra Fábrica de Cultura. Naquela ocasião, foi necessário restringir o acesso do público ao local para evitar a sua superlotação.

homem negro com fantasia do personagem Super-Choque
Visitante da PerifaCon faz cosplay do personagem Super-Choque durante o evento, realizado na Fábrica de Cultura da Brasilândia neste domingo (31) - Cleberson Santos/Agência Mural

A Fábrica de Cultura da Brasilândia, entretanto, ocupa um espaço mais amplo que o prédio do Capão Redondo, o que facilitou o fluxo de pessoas. A praça de alimentação, por exemplo, que, na edição anterior, ficou concentrada no refeitório da Fábrica, ocupou um espaço considerável no gramado e garantiu um atendimento com variedade gastronômica e sem muitas filas.

Um dos principais objetivos da feira —aproximar as periferias de um evento nerd— foi conquistado, com público composto por moradores da região e também de outros bairros das bordas da cidade.

Como é tradição de todo evento geek, os cosplayers também eram bastante requisitados pelos participantes. Como o evento era gratuito, era bem comum encontrar pela feira famílias completas passeando pelos corredores e tirando fotos com os personagens.

Morador de Brasilândia, o eletricista Emerson Souza, de 38 anos, levou o filho Murilo, de seis, justamente para ver os cosplays. "Assisto a muitos animes, gosto bastante e aproveitei para trazê-lo. Para ele, é uma novidade ver esses personagens. Muito legal ter um evento desses, e, ainda por cima, gratuito, na porta de casa."

Personagens como Homem-Aranha e membros da Akatsuki, do anime "Naruto Shippuden", eram os mais requisitados pelo público infantil, mas os vários Super-Choque vistos pela PerifaCon também fizeram sucesso. O personagem, inclusive, foi símbolo do evento, graças uma parceria com a Warner.

Assim como na primeira edição, duas características diferenciavam a PerifaCon de outras convenções nerd do tipo –uma maior diversidade de raça, gênero e até de idade entre as fantasias, além da grande quantidade de crianças tietando seus personagens favoritos.

Também não houve dificuldade para assistir às principais atrações do evento. Os painéis foram realizados no auditório e no palco externo, ao ar livre. Lá aconteceu um concurso de cosplay e show de rappers como Bivolt e Rincon Sapiência.

Pela parte da manhã, boa parte do auditório foi ocupado para acompanhar o painel da Mauricio de Sousa Produções, uma das maiores empresas presentes no evento. Mesmo sem contar com toda a grandiosidade das apresentações da CCXP, a Comic Con Experience, o painel trouxe novidades envolvendo o universo da Turma da Mônica no audiovisual.

O maior empurra-empurra da PerifaCon ficava no espaço chamado de Beco dos Artistas, onde quadrinistas, autores e ilustradores independentes vendiam sua produção. Era necessário um pouco mais de vontade para conseguir transitar pelas mesas e ver o material exposto, assinados por nomes como Carlos Ruas, da página Um Sábado Qualquer, e os ilustradores Carol Borges e Filipe Remédios, da página Batatinha Fantasma.

O mesmo se aplicava à sala dedicada às editoras. Havia um controle de fluxo para entrar no espaço, principalmente por causa da distribuição de pôsteres com desenhos de heróis da DC Comics como Batman e Superman.

"A importância de ter as marcas é um pouco para desmistificar essa coisa de que o público periférico não é um público consumidor", contou Andreza Delgado, criadora da PerifaCon, em entrevista antes do início do evento. Essa expectativa se cumpriu, assim como a integração entre nomes famosos no mercado e artistas periféricos.

Andreza Delgado, sócia fundadora da Perifacon
Andreza Delgado, sócia fundadora da PerifaCon - Arquivo pessoal

Gigantes como a Companhia das Letras estavam presentes na sala, mas curiosamente não atraíram tantos interessados quanto editoras independentes e periféricas como a LiteraRua ou a Lab Fantasma, marca do rapper Emicida.

Outro fator observado no espaço das editoras tradicionais é que os preços não se diferenciavam tanto daqueles vistos em livrarias ou outros eventos, como a recente Bienal do Livro.

"Tem sido gratificante e fácil [vender]. As pessoas estão aqui interessadas, sem a gente precisar impulsionar. O material do mainstream eles conhecem. O nosso, que não tem muita projeção na internet, ganha destaque aqui", celebra Israel Neto, de 38 anos, da editora Kitembo, centrada em literatura afrofuturista.

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