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O que 'House of Hammer' diz de Armie Hammer, drogas, estupro e canibalismo?

Série documental do Discovery+ investiga o passado da família do ator, bisneto de um magnata do petróleo

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São Paulo

Na era do MeToo, foram vários os astros e poderosos de Hollywood que caíram em desgraça após terem escândalos de assédio sexual ligados a seus nomes. Um dos casos, no entanto, chamou ainda mais a atenção pelas particularidades grotescas –o de Armie Hammer.

Até pouco tempo um dos galãs em ascensão na indústria, o ator de "Me Chame pelo Seu Nome" e "A Rede Social" se viu no meio de uma polêmica envolvendo estupro, abuso psicológico e canibalismo, que motivaram a produção da série "House of Hammer: Segredos de Família", com estreia no Discovery+ nesta sexta-feira.

Armie Hammer em imagem da série documental "House of Hammer: Segredos de Família", do Discovery+
Armie Hammer em imagem da série documental "House of Hammer: Segredos de Família", do Discovery+ - Stephane de Sakutin/AFP

A polícia de Los Angeles atualmente investiga as alegações de que o ator teria estuprado uma ex-namorada por cerca de quatro horas em 2017, mas uma acusação formal contra ele ainda não foi levada à Justiça.

A tese do documentário de Elli Hakami e Julian P. Hobbs é que o comportamento supostamente violento e misógino de Armie Hammer tem raízes num longo e problemático histórico familiar, indo até o tataravô do ator, Julius Hammer.

Com três episódios, "House of Hammer" foi feito às pressas diante da emergência de controvérsias envolvendo o ator. Apesar de o terceiro capítulo não ter sido disponibilizado a jornalistas, os dois primeiros deixam claro que é principalmente o depoimento da tia do ator, Casey Hammer, que justifica a produção.

Distante dos parentes, Casey Hammer lançou um livro há alguns anos em que relata a infância difícil nas mãos controladoras do avô, do pai e do irmão. No documentário, ela fala sobre essas experiências com ainda mais detalhes.

"Você não acorda e simplesmente se transforma nesse ser sombrio, abusivo. Precisa haver uma história por trás disso", diz a tia no início da obra. "Esse comportamento [de Armie Hammer] está enraizado."

O tataravô do ator, Julius Hammer, era um russo que se mudou para os Estados Unidos supostamente como informante da KGB, o serviço de inteligência soviético. O Hammer do nome foi pensado para simbolizar o martelo da bandeira da União Soviética.

Ironicamente, seu filho, o magnata do petróleo Armand Hammer, construiu uma fortuna em solo americano e se firmou como um dos homens mais ricos do mundo até sua morte, em 1990. Ele tinha passe livre para falar com presidentes e chegou a promover um jantar para o príncipe Charles e a princesa Diana, mas também era próximo dos soviéticos, como diz um dos entrevistados, Edward Epstein, antigo jornalista do New York Times que acredita que ele sustentava um esquema de lavagem de dinheiro.

Controlador, ele treinou o neto, Michael Armand Hammer, para assumir sua empresa, enquanto dizia à neta, Casey, que seu trabalho era ser bonita e sorrir. Quando morreu, deixou quase a totalidade de sua fortuna para o primeiro.

É com o pai de Michael, Julian Armand Hammer, que as histórias de abuso e violência começam a aparecer de forma mais pronunciada na família. Casey narra que, ainda criança, presenciou festas em casa regadas a cocaína e cheias de mulheres com cerca de 16, 17 anos, às quais Julian e Michael se referiam como empregadas. Fotografias que ela encontrou na infância registravam as noites de sexo da dupla.

Uma das mulheres de Julian teria dito, nos papéis do divórcio, que ele ameaçou estourar sua cabeça "com um cano de metal". Outra, Cathe Boal, que dá entrevista em "House of Hammer", afirma que ele a levou a um bar gay para que ela o visse flertando com homens.

Julian tinha armas carregadas espalhadas pela casa e chegou a ser preso por ameaçar um homem com uma delas, num ataque de ciúme. Mais tarde, matou um amigo com quem tinha uma dívida, num processo que terminou com sua liberdade por ter agido em legítima defesa.

A tia de Armie Hammer se lembra de escutar os pais brigando constantemente na infância e, certa noite, viu Julian dar um soco na mãe, que teria ficado com a cara coberta de sangue.

Tal comportamento teria sido herdado por Michael. Casey se lembra de, na universidade que ambos frequentavam, encontrar no armário do irmão o mesmo tipo de fotografia de orgias, drogas, uma grande quantidade de dinheiro em espécie e uma arma.

E, também, pelo próprio Armie Hammer. "House of Hammer" recupera vídeos de um Instagram falso do ator, em que ele registrava suas aventuras sexuais e o uso de drogas. Numa das gravações, ele lambe uma substância esbranquiçada da palma da mão de um amigo. Em outra, não apenas usa o celular para se filmar enquanto dirige, como ainda bebe uma lata de cerveja.

Courtney Vucekovich, uma ex-namorada ouvida pelo documentário, diz que o ator a instigou, contra sua vontade, a praticar shibari –técnica japonesa em que se amarra o parceiro por prazer– e que a rastreava por meio de seu telefone celular.

A série recupera mensagens de texto em que ele disse a outras mulheres que gostaria de cortar um dedo delas fora, ser alimentado com o sangue delas e quebrar ossos enquanto as estupra. Segundo as mulheres com quem se relacionou, elas não compartilhavam de seus fetiches e as mensagens não eram bem-vindas.

"House of Hammer" irá disponibilizar seus três episódios de uma vez. O segundo e último ao qual a imprensa teve acesso termina ainda com a sugestão de que o avô de Armie, Julian, teria abusado sexualmente da própria filha, Casey.

House of Hammer: Segredos de Família

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