Björk toca com orquestra brasileira e sem eletrônica no Primavera Sound

Bachiana Filarmônica acompanhou a islandesa num dos principais shows, que segue o lançamento de 'Fossora'

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São Paulo

Foi com um educado "boa noite" que a islandesa Björk subiu a um dos palcos principais do Primavera Sound neste sábado (5), como a primeira headliner da edição de estreia do festival importado de Barcelona. O evento acontece em São Paulo até domingo (6) e trouxe a cantora de volta ao Brasil após 15 anos —e acompanhada da orquestra brasileira Bachiana Filarmônica.

Convidando a uma espécie de imersão, Björk levou o show todo sem nenhum tipo de percussão ou batida, capturando o público pelas melodias densas e vocais sinuosos. O pôr do sol alaranjado emoldurou o fim de tarde no Sambódromo do Anhembi, com um público que ficou parado, com os olhos pregados na cantora.

Bjork se apresenta no Primavera Sound - Rubens Cavallari/Folhapress

Usando uma espécie de vestido que misturava um tecido florido a outro vermelho e mangas de látex —além de um adereço prata no rosto—, ela abriu o show que trouxe sua turnê atual, Orkestra, pela primeira vez ao país. Nela, é praxe da islandesa viajar com seu maestro, Bjarni Frímann, que rege grupos locais.

O show segue o lançamento de "Fossora", seu décimo disco, lançado há menos de dois meses. Apesar disso, Björk preferiu cantar as antigas, com apenas "Ovule" representando o disco mais recente.

Antes do show começar, o telão exibiu por mais de uma hora mensagens em inglês e português que recomendavam "gentilmente" que os fãs não tirassem fotos ou gravassem vídeos porque isso poderia ser uma distração para a cantora e as pessoas ao redor —a mensagem ainda dizia que a fotos da apresentação estariam disponíveis no site dela. Björk, aliás, foi uma das artistas que não autorizaram que fotógrafos da imprensa registrassem seu show.

O pedido surtiu efeito e, logo na primeira música, os poucos que miravam o palco com os celulares o faziam de forma mais discreta, sem erguer os braços.

Foi um show raro nesse sentido —uma maneira diferente de ver não só para festivais de música, mas em tempos de onipresença de Instagram e TikTok. Enquanto Björk cantava suas músicas experimentais e atmosféricas, o público permanecia atento ao palco, com poucos celulares e cochichos pontuais.

Ela ainda cantou faixas como "Isobel", "Black Lake" e "Quicksand", além de hits mais antigos como "Hyperballad", de 1995, e "NotGet" e "Hunter", de 1997 —todas adaptadas aos arranjos de cordas. Antes de começar a tocar a intensa "Pluto", que fechou o show, a islandesa brincou com o público, perguntando se as pessoas estavam prontas para um "techno de cordas".

Björk cantou no palco que leva o nome do festival, localizado logo antes das arquibancadas do Sambódromo, com capacidade para 40 mil pessoas.

Ao longo do sábado, de clima ameno, o público circulou pela estrutura do evento, que ocupou o Distrito Anhembi como nenhum outro evento desta magnitude antes. Além dos palcos na pista onde desfilam as escolas de samba, o festival teve shows no Auditório Elis Regina, entre eles os dos baianos Josyara e Giovani Cidreira, além do paulistano Tim Bernardes.

Há dois núcleos de shows no Primavera —um no Sambódromo e outro numa área com um estacionamento e um galpão—, e o público tem de caminhar cerca de dez minutos entre um e outro. Nesse segundo lugar, fica o palco Becks, o maior do evento, com capacidade para 45 mil pessoas, do qual o Arctic Monkeys é a atração principal, mas nele também tocam o cantor indie americano Helado Negro e a banda conterrânea Interpol.

Devido às árvores nesse palco, a organização multiplicou os telões para não comprometer a visão do público.

Dentro do galpão ficam a praça de alimentação e o palco eletrônico, que mesmo durante o dia se mantém escuro, o que ajuda no espetáculo de luzes e telão, futambém tocamndamentais para a experiência desse estilo de música.

Foi nesse palco, aliás, que a DJ e produtora paulista Badsista exibiu no telão desenhos de pessoas vestidas com a camiseta do Brasil penduradas em caminhões —fazendo chacota das manifestações golpistas feitas por bolsonaristas nos últimos dias. A plateia, formada quase toda por homens gays, gritou e aplaudiu quando viu as imagens, ainda no começo da tarde, quando o público chegava ao evento.

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