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Pedro Paulo Rangel trabalhou até com respirador no camarim, diz diretor

Morto aos 74 anos, vítima de insuficiência respiratória, ator que marcou as novelas foi velado nesta quinta no Rio de Janeiro

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Rio de Janeiro

Familiares e amigos se despediram, na manhã desta quinta-feira (22), de Pedro Paulo Rangel, morto na quarta-feira (21) aos 74 anos. O corpo foi velado no Theatro Municipal do Rio de Janeiro, na região central da cidade, em uma cerimônia aberta também aos fãs. O ator será cremado à tarde em uma cerimônia restrita à família.

Fãs se despedem de Pedro Paulo Rangel em velório no Theatro Municipal do Rio de Janeiro
Fãs se despedem de Pedro Paulo Rangel em velório no Theatro Municipal do Rio de Janeiro - Lorando Labbe/Fotoarena/Agência O Globo

Fernando Philbert, diretor do solo "O Ator e o Lobo", em que Rangel narrava passagens de sua biografia, esteve com o ator até sua internação, no dia 30 de outubro, quando o espetáculo foi suspenso para que ele tratasse de um enfisema no pulmão.

O ator foi fumante até 1998 e há 20 anos recebeu o diagnóstico de doença obstrutiva pulmonar. Philbert afirma que produzir a peça foi um esforço para Pepê, como era chamado pelos amigos, que queria se despedir dos palcos.

"Era um gênio, um ator imenso. Ele dizia: 'Quero muito voltar aos palcos, não sei se vou ter condições de fazer, mas é meu ofício'. No momento que a doença se agravou, ele achou que não conseguiria mais voltar. Mas voltou e fez brilhantemente", afirmou Philbert.

O diretor relata que o ator, já debilitado, usava um aparelho de oxigênio no camarim antes de algumas apresentações. "Foi um grande esforço para ele. Ele ia para o camarim, ficava sentado, respirando com o oxigênio e, quando dava o terceiro sinal, levantava e fazia o espetáculo. Era isso o que ele queria. Estar no palco."

Colegas de palco como Diogo Vilela, David Pinheiro e Lilia Cabral estiveram no velório. A atriz ressaltou o legado de Rangel para a dramaturgia brasileira.

"Pepê vai do jeito que queria ir. Ele se despediu no palco. Os últimos movimentos foram no palco. Essa despedida traz conforto para quem fica, porque vai deixar saudades, e também uma esperança de que ele tenha ido bem. Ele é extraordinário, amigo de muita gente, e vai fazer falta", afirmou Cabral.

Vilela, por sua vez, saudou a força do amigo nos palcos. "Era uma pessoa de teatro, e o teatro precisa se recuperar. Precisamos recuperar nossa força junto ao público porque o teatro é muito importante na vida do Brasil. É importante não só velar, mas preservar a cultura brasileira. Fomos arrasados nos últimos anos. Hoje estamos mais arrasados ainda porque perdemos um príncipe, um dos maiores atores do país."

Osmar Prado diz que Rangel foi um "soldado da cultura" no Brasil e revelou uma conversa que teve com o ator nos bastidores da última edição do troféu Nelson Rodrigues. Na ocasião, Pepê lamentou que os problemas pulmonares poderiam abreviar sua carreira.

"Caso ele tivesse tido um pulmão mais forte, estaria conosco até hoje. Ele disse: 'Castiguei muito meu pulmão. Fui um fumante inveterado'. Ele teria muito tempo pela frente. Mas seu legado permanece. Brevemente, vamos nos encontrar."

A atriz Maria Padilha e o ator Marco Nanini enviaram coroas de flores ao velório. A todo momento, fãs e amigos entram no Theatro Municipal para a despedida.

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