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Televisão Copa do Mundo 2022

Galvão Bueno, na Copa, é a voz do Brasil e um showman insubstituível

Versátil, locutor da Globo driblou momentos de baixa popularidade, equilibrando técnica, precisão e emoção

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São Paulo

"Ainda dá, dá para chegar no gol, claro que dá", disse Galvão Bueno, segundos antes de narrar o gol que daria a vitória ao Brasil contra a Suíça, na segunda rodada da fase de grupos da Copa.

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O narrador esportivo Galvão Bueno - Eduardo Anizelli/Folhapress

Espremido na posição de transmissão —que no Mundial substitui as cabines, dando um ar ainda mais emocionante às partidas— o narrador cornetava a teimosia de Tite e a lentidão do ataque brasileiro. Ele reatava, desse modo, a poderosa identificação com os telespectadores de todo o país.

Em sua última Copa do Mundo, Galvão é o principal personagem do Brasil no Qatar. Sua voz é a memória dos principais acontecimentos do esporte brasileiro —dos recordes olímpicos ao sete a um, em 2014. Depois das eleições, ele ainda tenta unir o Brasil, dizendo que "não existem dois países".

Entre as suas principais coberturas, está a transmissão dos Jogos Olímpicos de Los Angeles, em 1984, quando narrou a chegada da maratonista suíça Gabrielle Andersen. Trôpega de exaustão, ela foi aplaudida de pé pela torcida, numa prova de seu espírito olímpico.

Com a Fórmula 1, cobriu dois dos três títulos de Nelson Piquet, além dos três campeonatos de Ayrton Senna. Foi a voz do tetra, em 1994 —ano da cobertura da morte de Senna—, e do penta, em 2002. Dois anos antes, narrou a medalha de prata do atletismo brasileiro nas Olimpíadas de Sidney.

Em Atenas, Galvão entoou o bordão "Giba neles!" no ouro da seleção masculina de vôlei contra a Itália. Quatro anos depois, em Pequim, testemunhou a medalha dourada de César Cielo nos 50 metros livre e o recorde de Michael Phelps na prova dos cem metros borboleta.

No Rio, se emocionou com a cerimônia de abertura e foi às pistas, assistindo a Usain Bolt, da Jamaica, voar pela última vez. Naquele ano, o narrador ficaria enlouquecido com o ouro olímpico no futebol masculino e desempenharia papel central na cobertura do acidente da Chapecoense.

Com o tempo, Galvão criou um personagem de si, encarnando a figura de um showman, com bordões que entraram para a cultura popular. Sua voz rasgada o transformou em um mestre de cerimônias do drama, desvelando uma figura quimérica —incontornável para a televisão e com muitas controvérsias ao longo da carreira.

Vaidoso, o locutor sofreu com críticas pelo comportamento egoico, pelo ufanismo e pela excessiva proximidade com as fontes. Em dado momento, o público amou detestar o jornalista, num ódio desmesurado. O estopim da campanha "cala boca, Galvão!" ocorreu na Copa de 2010, na África do Sul, quando o assunto se alastrou nas redes e foi parar até no New York Times.

O tempo passou, e a TV aberta não adotará o mesmo estilo de cobertura, porque não terá a primazia nas transmissões. Mas, durante a carreira, Galvão ditou um padrão de transmissão. Por isso, não há subsitituto para ele, como a própria Globo admite. Galvão equiparou a figura do narrador a de um grande artista.

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