A bailarina Nayara Justino foi eleita a quarta das Globelezas, que deixaram de existir após polêmicas. Ela foi escolhida por voto popular num concurso do programa Fantástico em 2014, mas o que começou como uma vitória virou um trauma.
Mulher de pele negra retinta, Justino foi alvo de ataques racistas. Leu nas redes sociais que era macaca e parecia o Zé Pequeno, personagem do filme "Cidade de Deus". "Estava ganhando uma proporção muito grande. Vinha de todas as pessoas, de todos os lados, da galera da televisão, dos apresentadores de TV. Até conhecidos meus. É uma coisa que sinto até hoje", diz.
Justino afirma que sentiu um balde de água fria quando descobriu por um amigo da imprensa que a Globo estava buscando outra mulher para ocupar o cargo de Globeleza. Ela conta que não teve apoio da emissora durante os ataques. "Foi um choque para mim. Continuei até o final do ciclo contratual e disseram ‘tchau, obrigado’", afirma. Sua saída pode ter sido motivada por pressão de patrocinadores e do público, diz.
Em nota à reportagem, a TV Globo afirma que a tradicional vinheta do Carnaval mudou, acompanhando as mudanças na sociedade brasileira. Também afirma que o objetivo era dar espaço a manifestações regionais dos vários carnavais celebrados no país e contemplar a pluralidade da festa. O canal, no entanto, diz que não se manifestará sobre o relato específico de Justino.
"Não tinha pretona na TV, sabe? Pretona mesmo, ocupando esse espaço. Sinto que eu fui eleita por quem se via em mim. E aí fui rejeitada por uma galera que fica muito escondida na internet. São pessoas que não significam absolutamente nada."
Apesar da situação, Justino diz que Globelezas deixam saudade. "Podiam achar uma outra forma de colocar mulheres negras para representar o Carnaval, mas não só isso. Poderia ser uma Globeleza diferente, sabe? Mas vai fazer falta."
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