O Coldplay deu início à maratona de 11 shows que fará no Brasil com uma apresentação exuberante em São Paulo nesta sexta-feira. A banda encheu o estádio do Morumbi não só de música, mas também de feixes de luz, cores, fogos de artifício e muita gritaria.
A turnê "Music of the Spheres", que celebra o último disco da banda, resgata também seus maiores hits e músicas favoritas dos fãs. Depois de cerca de 15 minutos de atraso e uma introdução com crianças brasileiras, os músicos subiram ao palco com "Higher Power", e a plateia se viu sob uma chuva de fitas coloridas e bolas gigantes. Foi um começo estrondoso.
A grande surpresa do show foi a presença de Seu Jorge no palco com o Coldplay. O brasileiro cantou sozinho o clássico do samba "Amiga da Minha Mulher" enquanto Chris Martin e os outros integrantes tocavam os instrumentos.
Martin, o vocalista, é um showman de primeira. Sentou no chão do palco para cantar "Paradise", um dos maiores sucessos da banda, mas logo fez a multidão pular. No fim da canção pediu silêncio da plateia, fazendo gesto com o dedo na boca, controlando o volume da voz de dezenas de milhares de pessoas —queria fazer uma espécie de coro progressivo para terminar a canção magistralmente.
"A gente está muito feliz de estar aqui com vocês, obrigado pelo esforço, mesmo com a chuva, o trânsito e todos os outros problemas. Gratidão, vamos cantar juntos", disse ele, em português mesmo, enquanto cantava "The Scientist" no piano.
A banda enfileirou hits. Apresentaram "Viva La Vida", "Hymn for the Weekend", uma parceria com Beyoncé, e depois "Let Somebody Go". Nessa faixa, Martin convidou uma fã para cantar com ele no palco. Foi um momento emotivo, com a plateia quieta e hipnotizada pela dupla.
Pulseiras com luzes coloridas são entregues na entrada de todos os shows que a banda faz nesta turnê. Já famosos entre os fãs, os aparelhos criam mesmo um espetáculo à parte.
Em "Yellow", por exemplo, o estádio inteiro irradiava amarelo. Neste momento, aliás, Martin pediu que todas as pessoas da pista virassem de costas para o palco para olhar quem estava no fundo da arquibancada, o espaço mais distante da banda. "Não olhem para mim, estou suado demais", disse. Queria fazer uma espécie de homenagem aos que prestigiavam o grupo de longe.
Os músicos vestiram capacetes que imitavam cabeças de alienígenas para apresentar "Something Just Like This". A parceria com o grupo de k-pop BTS, "My Universe", fez a multidão pular.
Mas foi só depois que o público esgoelou de verdade. Martin pediu que a plateia guardasse os celulares em "Sky Full of Stars", outro hit da banda. O pedido deu certo. Sem se preocupar em gravar, mas só em sentir a música, as pessoas saltaram, berraram e levantaram as mãos sob uma chuva de estrelas feitas de papel. Foi o melhor momento do show.
A apresentação caminhou para o fim com "Fix You", de 2005, com Martin ao piano de novo. "Beutiful", do último álbum, foi a escolhida para encerrar o show. Uma chuva de borboletas de papel caiu sobre o público enquanto Martin e os músicos se despedem, provando que o Coldplay sabe mesmo ser cinematográfico.
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