Como 'Amor Perfeito', com Camila Queiroz, une conto de fadas, cinema noir e fé

Novela de época das seis que marca retorno da atriz à emissora terá também vilã de Mariana Ximenes e Thiago Lacerda

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Rio de Janeiro

É a força do amor materno que move a protagonista de "Amor Perfeito", nova novela das seis da Globo estrelada por Camila Queiroz. Na trama, que se passa entre os ano 1930 e 1940, Maria Elisa, a Marê, é acusada injustamente de matar seu pai. Ela dá à luz seu único filho antes de ser presa e passa oito anos desejando descobrir o paradeiro do menino e finalmente conhecê-lo.

Mas a novela quer falar de outras formas de amor também. Diogo Almeida é o mocinho Orlando, que vai viver um romance quase proibido com Marê, dado que ela precisa enfrentar o sonho do pai —vê-la casada com o filho mais velho do prefeito de Águas de São Jacinto, cidade fictícia onde a trama se desenrola.

Orlando, vivido por Diogo Almeida, e Marê, papel de Camila Queiroz em 'Amor Perfeito'
Orlando, vivido por Diogo Almeida, e Marê, papel de Camila Queiroz em 'Amor Perfeito' - Divulgação

Já Marcelino, do ator mirim Levi Asaf, constrói uma relação de carinho com os vários padres que o criam. Filho do casal principal, o menino é deixado ainda bebê na porta da igreja daquela cidade.

Na outra ponta desta história está Gilda, a madrasta de Marê, uma mulher que ama demais a si mesma. Vivida por Mariana Ximenes, é ela quem arquiteta a prisão da mocinha após a morte do seu marido. É, nas palavras da atriz, uma vilã absurda, sem moral e divertida.

A trama de "Amor Perfeito" é recheada de ingredientes de contos de fadas, com direito a mocinha romântica e madrasta maquiavélica. Duca Rachid, uma das roteiristas da trama, conta que os autores fizeram isso de propósito.

Ela, Júlio Fischer e Elísio Lopes Jr. se juntaram para colocar no papel uma ideia que surgiu no início dos anos 2000, quando os dois primeiros notaram que o livro "Marcelino Pão e Vinho" poderia dar um bom folhetim. Usando a obra como base, o trio criou um emaranhado de tramas para daí ver nascer uma novela televisiva.

André Câmara, o diretor do folhetim, diz que vê um quê até de "Branca de Neve e os Sete Anões" na trama por causa dos padres. Eles têm personalidades e funções bem distintas, como os anões do clássico, o que ajuda a dar à novela um teor de conto fantasioso.

Suas referências vão além. Câmara afirma que o folhetim dialoga também com filmes noir, um gênero do cinema que ficou popular a partir da década de 1940 com histórias policiais em ambientes urbanos. Cita como inspirações longas como "Amar Foi Minha Ruína", de 1945, e "Torrentes de Paixão", lançado em 1953.

"Amor Perfeito" também embarca na onda de produções religiosas que vêm ganhando as telas. Na Globo, o expoente dessa tendência é "Vai na Fé", novela das sete que estreou em janeiro com uma protagonista evangélica.

"A gente traz uma diversidade de padres na novela para mostrar o valor que a fé tem acima da religião católica", afirma Elísio Jr, um dos escritores da trama.

Diversidade parece ser mesmo uma preocupação para os criadores da novela. Cerca de metade do elenco e da equipe são compostos por pessoas negras, diz Camila Queiroz.

"Se a maioria da população brasileira é preta e não vejo isso refletido na novela, não estou sendo fiel ao meu país. [A intenção] é naturalizar a nossa existência e presença porque a gente existe e esse país foi construído por nós", afirma Elísio Jr., que é negro.

Câmara, o diretor, conta que antes só via personagens pretos com cabelos alisados. Não é o caso de Almeida e Asaf, os dois homens protagonistas, que estampam seus cabelos crespos nos cartazes de divulgação.

Quem também tenta quebrar padrões é a protagonista Marê. Queiroz descreve a personagem como uma mulher a frente do seu tempo porque ela enfrenta as expectativas da família em relação ao seu casamento, é amante de futebol e é também a primeira mulher a se formar no curso de administração da sua faculdade.

Mariana Ximenes também vê transgressão na malévola Gilda. Diz que se inspirou em divas do cinema como Rita Hayworth, Grace Kelly, Marlene Dietrich e Greta Garbo.

"Vou revendo os filmes para me inspirar com gestos, trejeitos, postura e caracterização. Gilda não é diva, porque é bem humana, mas busca status. Ela quer ser respeitada", diz. Nega, porém, que a personagem possa ser considerada feminista. "Pode-se dizer transgressora, prefiro essa palavra. Feminista sou eu."

O jornalista viajou a convite da TV Globo

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