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Como figurinistas de 'Tudo em Todo o Lugar' e 'Pantera Negra' chegaram ao Oscar

Trabalhos exigiram imersão em países africanos para criar Wakanda e garimpo pela pochete de couro perfeita

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Los Angeles

Após uma jornada intensa por países da África para criar as roupas de Wakanda, onde "Pantera Negra" é ambientado, a figurinista Ruth E. Carter mergulhou na cultura maia, quase que literalmente, para fazer a sequência do filme, lançada no ano passado. Mais uma vez, ela foi indicada ao Oscar de melhor figurino.

Esta é a quarta indicação de Carter, primeira pessoa negra a vencer o Oscar da categoria, pelo primeiro "Pantera Negra". Sua parceria com a Marvel segue com a adaptação aos cinemas do caçador de vampiros "Blade", que começa a ser filmado em maio.

Figurinos de 'Pantera Negra: Wakanda para Sempre', feitos por Ruth E. Carter
Figurinos de 'Pantera Negra: Wakanda para Sempre', feitos por Ruth E. Carter - Alex J. Berliner/ABImages

"Nada mudou", diz ela sobre a vitória no Oscar, na abertura da mostra de figurinos do ano no museu do Fashion Institute of Design & Merchandising, em Los Angeles. "Mas às vezes fica difícil porque as pessoas querem conversar comigo mais do que antes. Não dá mais para ficar escondida atrás das câmeras."

Em "Wakanda para Sempre", o segundo volume da franquia, o reino africano entra em choque com outra civilização misteriosa, o reino subaquático de Talokan, cujos habitantes originários fugiram dos colonizadores europeus com uma poção mágica que os possibilitou viver debaixo d’água. Assim como o povo de Wakanda, eles têm acesso ao minério poderoso vibranium.

"Os maias foram nossa âncora histórica. Queríamos ser o mais autênticos possível. Eles eram uma comunidade costeira, não tinham tantos adereços de cabeça como os astecas, mas tinham seus costumes, suas maneiras de amarrar e dobrar", diz Carter, que trabalhou com historiadores.

A designer americana se inspirou nas pequenas cerâmicas antropomórficas de estilo jaina, encontradas em sítíos arqueológicos pré-colombianos em Yucatán, no México, e também no "Dresden Codex", um livro com hieroglíficos maias dos séculos 11 e 12.

"Criamos um vibranium próprio para o mundo aquático, feito de jade azul. Está na ponta da espada de Namor", diz Carter sobre a criação do figurino do líder do reino Talokan. "O desafio foi filmar debaixo d’água. Os mergulhadores não estavam acostumados a usar capas e adereços na cabeça. As capas flutuavam na água. Tivemos que fazê-las mais pesadas."

Carter, indicada ao Oscar por "Malcolm X", de 1992, e "Amistad", de 1997, disputa a estatueta dourada deste ano com as figurinistas de "Babilônia", "Elvis", "Sra. Harris Vai a Paris " e "Tudo em Todo o Lugar ao Mesmo Tempo", o favorito aos prêmios principais da noite.

"Tudo em Todo o Lugar" também explora o universo de super-heróis, ainda que a principal arma de um dos protagonistas seja uma pochete marrom velha e surrada. A peça está em exibição no museu de moda até maio, assim como figurinos exuberantes da vilã Jobu Tupaki, vivida por Stephanie Hsu, e um macacão branco estilo Elvis Presley.

As duas peças foram vendidas num leilão online da produtora A24. A pochete saiu por US$ 48 mil, o equivalente a cerca de R$ 247 mil, e o macacão, por US$ 20 mil, ou cerca de R$ 103 mil.

A figurinista de "Tudo em Todo Lugar" é a nipo-americana Shirley Kurata, indicada ao Oscar pela primeira vez. Ela tem uma loja em Los Angeles, a Virgil Normal, e já trabalhou com nomes de peso da música, como Billie Eilish, a banda The Linda Lindas e a rapper Tierra Whack.

"A pochete foi fácil de resolver. Compramos umas dez, fizemos extensões, colocamos espuma dentro para ninguém se machucar. O que era dez dólares acabou custando algumas centenas", di Kurata. "Cheguei a testar uma vermelha, mas a de couro me pareceu mais adequada."

Já o figurino inspirado pelo estilo de Elvis Presley foi mais complicado. Isso porque não havia nada de qualidade no tamanho pequeno da atriz Stephanie Hsu, a vilã do filme. Por isso, ela diz que precisou encolher uma roupa comprada na internet.

"Os figurinos de gente normal às vezes dão mais trabalho e são tão importantes quanto os mais extravagantes", diz Kurata. "Precisamos de várias peças para os dublês de corpo, e todas tinham que servi-los e funcionar bem nas acrobacias."

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