Descrição de chapéu Lollapalooza

The 1975 faz show oitentista no Lollapalooza, com vocalista debochado e galã

Banda britânica mostrou por que tem sido considerada revolucionária por críticos empolgados e fãs histéricos

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São Paulo

Eram quase 19h quando a banda britânica The 1975 subiu ao palco —com seu vocalista, Matty Healy, fumando um cigarrinho e munido de um cantil— para fazer o seu terceiro show em edições do Lollapalooza. Depois de tocar aqui em 2017 e 2019, o grupo fez a penúltima apresentação do dia no palco Budweiser, o principal do festival, no momento em que talvez seja o auge de sua trajetória de mais de uma década.

A banda The 1975 se apresenta no palco Budweiser na décima edição do Lollapalooza, realizado no Autódromo de Interlagos, zona sul de São Paulo - Bruno Santos/Folhapress

O show chega na esteira do lançamento de "Being Funny in a Foreign Language", no ano passado, incensado pela crítica pelo combo sonoro de nostalgia oitentista e inventividade no campo da música indie e pop —traços já comuns da banda, mas que foram embalados de forma mais madura nesse trabalho.

Também ajudou a assinatura da cobiçada produção de Jack Antonoff, o mesmo de nomes como Taylor Swift e Lorde, reconhecido como o melhor produtor do ano passado pelo Grammy.

No palco do Lolla, a trupe de Healy mostrou alguns dos motivos pelos quais tem chamado a atenção com sua turnê atual, classificada como revolucionária por empolgados críticos britânicos, que por lá viram o vocalista até comer bifes de carne crua.

Do último disco, que motiva os shows, só aparecem "I’m in Love with You" cujo refrão lembra hits de boy bands dos anos 1990, "Happiness" e "About You", de sonoridade mais atmosférica, tocadas na primeira metade do show.

A apresentação também passeia bem pelos outros discos do grupo, numa mistura entre o indie, o pop e a energia dos anos 1980 com sintetizadores, linhas fortes de baixo e vários ótimos solos de saxofone.

A banda inteira é coesa e boa ao vivo, mas é Healy que brilha mais como um frontman carismático, que faz dancinhas e caras e bocas enquanto dá corpo às ansiedades debochadas que expõe em suas músicas.

Ele, que escreve com um olhar afiado sobre temas como o seu próprio vício em heroína, a depressão, tecnologia e outros dilemas da modernidade —na maior parte do tempo por um prisma autodepreciativo passeou pelo palco do Lolla com uma pose de galã antigo meio bêbado, meio triste, meio nostálgico.

"Desculpe deixar vocês tristes tocando as músicas tristes. É meio que o nosso trabalho", ele disse depois de emendar várias faixas mais lentas.

A parte em que a banda retorna do show deprê e embarca em uma série de músicas mais animadas é quando Healy brilha mais. Em "The Sound", por exemplo, ele rouba uma câmera da transmissão para filmar o público pulando, depois de debochar do pessoal que estava na área VIP na frente do palco.

"Senhoras e senhores, vocês estão assistindo à melhor banda do mundo. Por favor, aplaudam a 1975", disse, antes de encerrar o show com "Give Yourself a Try", que é um bom resumo do espírito do The 1975 —uma reflexão irônica sobre o envelhecimento usando DSTs, drogas e cabelos brancos como exemplos.

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