Twenty One Pilots diz que é impossível substituir Blink-182 no Lollapalooza

Atração principal do sábado, dupla de pop alternativo volta ao festival mais feliz e com mais experiência, em horário nobre

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

São Paulo

O Twenty One Pilots tocou pela primeira vez no Brasil no Lollapalooza de 2016. A dupla americana vinha na esteira de seu álbum de maior sucesso, "Blurryface", do ano anterior, e fez um show energético, em que o vocalista Tyler Joseph escalou as estruturas do palco enrolado em uma bandeira do Brasil.

"Nos disseram muitas vezes que as pessoas amam música na América do Sul", diz o baterista e outra metade do duo, Josh Dun. "Acho que pegamos muita inspiração de tocar aqui, levamos isso para casa, e com frequência nos imaginamos no palco no Brasil —não há nada que se compare com isso."

Tyler Joseph e Josh Dun, da dupla americana de pop alternativo Twenty One Pilots
Tyler Joseph e Josh Dun, da dupla americana de pop alternativo Twenty One Pilots - Divulgação

De lá para cá, o Twenty One Pilots lançou outros dois álbuns, tocou novamente no Lollapalooza, em 2019, e agora retorna em horário nobre —mas por circunstâncias incomuns. O Blink-182, atração principal e nome mais aguardado desta edição do festival, que começa nesta sexta-feira (24), no Autódromo de Interlagos, em São Paulo, cancelou seu show.

Ícone do pop punk e um dos grandes nomes do rock nos anos 2000, o Blink-182 nunca tocou no Brasil, e não pôde vir desta vez por causa de uma lesão na mão do baterista, Travis Barker. O sábado (25), que antes teria a atração cancelada, e agora conta com o Twenty One Pilots, foi o único dia em que os ingressos chegaram a esgotar —ainda que alguns tenham voltado a ficar disponíveis após os pedidos de reembolso.

Isso significa que a dupla deve enfrentar uma plateia cheia de fãs frustrados do Blink-182. A banda reuniu sua formação original no ano passado, com a volta do vocalista e guitarrista Tom DeLonge, pouco antes de anunciarem a vinda às edições sul-americanas do Lollapalooza.

"Como fã da banda, fiquei triste", diz o baterista do Twenty One Pilots. "Seria um dos primeiros shows deles três juntos novamente. Eu não estaria nos shows, mas estava animado para ver no YouTube algumas imagens da apresentação, como seria o setlist, como eles estariam soando no palco."

Dun conta que ele e o parceiro de banda nunca passaram por uma situação como essa, de ter que substituir um headliner em um grande festival. E que seria um show totalmente diferente se eles estivessem escalados para o Lollapalooza antes do cancelamento do Blink-182.

"Algumas pessoas podem sentir que não é o que eles queriam, não é o que esperavam, especialmente se tratando de uma banda tão amada", ele diz. "Acho que vamos ter isso em mente quando subirmos ao palco. E queremos preservar o máximo de energia possível. É impossível realmente substituir, mas vamos tentar fazer o melhor show possível."

O melhor show possível do Twenty One Pilots deve envolver muita doação, com o vocalista Tyler Joseph correndo pelo palco enquanto toca piano, teclado ou ukulele, escalando grades, além de pirotecnia e uma mistureba de ritmos. Isso porque a dupla faz uma espécie de pop alternativo, que bebe do pop punk do Blink-182, mas o funde com música eletrônica de rádio, rimas no estilo rap, levadas de reggae e o que mais for possível.

O Twenty One Pilots soa como uma playlist dos tempos atuais, que vai de um estilo a outro sem cerimônia, ancorado em sonoridades pop e refrões chiclete. Muitas das letras tocam em temas de autoajuda, conversando com angústias da juventude.

Seu álbum mais recente, "Scaled and Icy", de 2021, contudo, foi todo feito na pandemia e exala um otimismo colorido, um pouco mais leve do que os trabalhos anteriores. Eles queriam trazer alguma luz em meio a uma época sombria de isolamento social.

"Havia uma incerteza em tudo, com as coisas fechadas e tudo mais", diz o baterista. "Muita gente comentou que o álbum está um pouco mais feliz, e eu tendo a concordar com isso em certa medida. E acho que a razão é que queríamos combater o sentimento geral do mundo na época, que era de medo. Trouxemos sons mais luminosos e coloridos."

É o caso de "Shy Away", faixa mais conhecida do disco, que deve ser tocada entre sucessos mais antigos, como "Stressed Out", "Ride" e "Car Radio". Mas o show também deve ter um afago aos fãs do Blink-182, já que nas edições de Chile e Argentina do Lollapalooza eles tocaram faixas do trio, como "All the Small Things" e "First Date".

E, agora, Dun garante que o Twenty One Pilots tem ainda mais habilidade para comandar um palco. "Desde 2016, aprendemos muito vendo bandas que têm mais tempo que a gente na estrada. Notamos que algumas coisas você só ganha com o tempo —uma autoconsciência no que você pensa e fala no palco. Temos muito mais experiência nisso."

LOLLAPALOOZA BRASIL 2023

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Tópicos relacionados

Leia tudo sobre o tema e siga:

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.