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Festival Summer Breeze traz shows potentes de metal em lineup confuso

Primeira edição do evento alemão em São Paulo mistura vários tipos de rock em apresentações que mantêm a sua qualidade

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São Paulo

Não é tarefa fácil decifrar quais bandas o público do Summer Breeze foi ver. Em sua primeira edição no Brasil, que aconteceu neste final de semana, em São Paulo, o festival alemão trouxe uma escalação sem uma linha definida, misturando heavy metal clássico, rock dos anos 1990, thrash metal da década seguinte e até pós-punk contemporâneo —isso sem citar as bandas de death metal.

O Summer Breeze não teve uma identidade clara como o Monsters of Rock, por exemplo, festival em que todas as bandas eram clássicas, ou o Knotfest, que em um único dia de shows, em dezembro do ano passado, mostrou o arco da evolução do metal, começando nos anos 1970, com o Judas Priest, e chegando até 2010, com Bring Me the Horizon.

Show do Lamb of God no festival Summer Breeze, em São Paulo
Show do Lamb of God no festival Summer Breeze, em São Paulo - Divulgação/Diego Padilha

Mas a escalação, que procurava agradar a fãs de vários gêneros, obviamente não atrapalhou a qualidade dos shows em si, como se pôde ver na apresentação enérgica do Lamb of God, uma das bandas mais relevantes na cena do metal contemporâneo, que fez todo mundo pular no sábado, com sua mistura de groove e thrash metal, muito mais pesada e rápida ao vivo do que em estúdio.

Os americanos tocaram por uma hora, mas o público estava tão animado que eles poderiam ter ficado mais tempo no palco. Ou ao menos terem sido postos numa posição melhor no lineup, como estava o Stone Temple Pilots, que pouca gente lembra que existe mas que ainda assim tocou por 90 minutos para uma plateia medianamente animada.

Jeff Gutt, o atual vocalista da banda grunge dos anos 1990, não só canta bem como se encaixa na identidade visual roqueira cheia de pose do grupo —ele estava de óculos escuros, vestia calça preta superjusta e cantava levantando o pedestal do microfone. Ninguém sentiu falta de Scott Weiland, líder da banda morto em 2015.

O festival ocupou ambos os lados do Memorial da América Latina. Em uma das pontas estavam os dois palcos principais, colados um no outro, de modo que os shows aconteciam sucessivamente e com intervalo de poucos minutos entre eles, facilitado assim a vida do público, que só precisava se deslocar se quisesse comprar cerveja. Cruzando a ponte sobre a avenida, havia um palco dedicado a bandas com plateia menor, mas não necessariamente menos relevantes.

Foi nesse palco que se apresentou o Accept, uma banda alemã de heavy metal com décadas de existência e fã clube cativo. Ali também subiu o Perturbator, dupla contemporânea de sonoridade pós-punk mas atitude metaleira. Um dos membros se ocupava de guitarra, sintetizadores e vocais macabros, e o outro ficava numa bateria meio eletrônica, meio tradicional.

É um conjunto que não ficaria deslocado se tocasse no subsolo do Madame Satã, mas na tarde cinza e de muito vento de sábado, animando garotos vestindo camiseta do Napalm Death, também fez bastante sentido.

Na manhã de domingo, o Krisiun se apresentou para bastante gente, público surpreendente pelo horário. Alex Camargo, o vocalista, agradeceu diversas vezes a quem acordou cedo e tomou café na padaria antes de ver a banda, a principal do death metal brasileiro hoje. Dito isso, o show do trio gaúcho é mais a execução primorosa de músicas tecnicamente difíceis do que propriamente empolgante para a roda de pogo.

Fora as dezenas de shows, o festival tinha um mercado voltado ao público do rock, com estandes de discos, revistas, cartazes, bonecos e alguns itens bizarros, tipo espadas e adagas com inspiração medieval e chaveiros de pelúcia em forma de demônio. Havia ainda diversos estúdios de tatuagem.

Independente de sua escalação meio confusa, o Summer Breeze é mais um festival de metal em São Paulo num ano com vários que abraçam o gênero. Está prevista a segunda edição do Knotfest na cidade e, antes dele, o festival Setembro Negro, dedicado a bandas de metal extremo e voltado para um público mais segmentado.

Erramos: o texto foi alterado

Em uma versão inicial do texto, banda ​Accept foi classificada como sendo de hard rock, mas é de heavy metal. A informação foi corrigida.

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