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Tatu-bola, que inspirou o Fuleco na Copa, tenta não levar 7 a 1 e desaparecer

Espécie em risco de ser extinta é tema do oitavo livro da Coleção Folha Fauna Brasileira para Crianças, nas bancas neste domingo

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São Paulo

Pode parecer estranho, mas havia um otimismo inocente no Brasil de 2014. Eram tempos de Copa do Mundo, de confiança na economia, de sonhos com o hexa e de criações como a caxirola e o Fuleco —o simpático tatu-bola eleito para ser a mascote do campeonato, sediado no país.

A escolha do animal como personagem também mostrava esperança. A ideia, segundo governo e especialistas, era diminuir o risco real de extinção das duas espécies do gênero, o tatu-bola-do-nordeste e o tatu-bola-do-centro-oeste.

tatu-bola enrolado
Tatu-bola, espécie que corre risco de extinção apesar de ter sido mascote da Copa 2014 - Edson Silva/Folhapress

Mas logo tudo desandou. Vieram o sete a um, o impeachment, a desordem política e econômica e nada mudou na vida desses mamíferos, que seguem ameaçados, apesar dos 15 minutos de fama.

Um pouco desse contexto aparece no oitavo livro da Coleção Folha Fauna Brasileira para Crianças. O volume, que custa R$ 22,90 e chega às bancas neste domingo, é dedicado ao tatu-bola-do-nordeste, que só vive no Brasil e é o mais ameaçado.

Como pode ser visto nos outros números da série, as fotografias mais uma vez são o ponto alto e ajudam a mostrar por que o bicho foi batizado com esse nome. Menor dos 12 tipos de tatu que vivem no Brasil, o tatu-bola tem cintas móveis localizadas na carapaça, permitindo que ele se enrole sobre o próprio corpo ao se sentir ameaçado. O resultado é uma esfera quase perfeita, que povoa as páginas do livro.

Essa tática de defesa é muito útil contra predadores, já que forma uma armadura feita de osteodermas, ou seja, depósitos ósseos recobertos por queratina. Mas, ao se enrolar, ele fica vulnerável a algo mais ameaçador —os seres humanos, que conseguem facilmente segurar a espécie numa única mão.

E é aí que mora o perigo, porque a caça e o tráfico diminuem preocupantemente as populações de tatu-bola. Além disso, a devastação da caatinga põe em xeque o seu habitat e a oferta de alimento, principalmente formigas e cupins.

Com colaboração da Associação Mata Ciliar, do Instituto Tamanduá e do biólogo Rodolfo Assis Magalhães, o oitavo volume da coleção, que tem coordenação técnica de Rodrigo Pires, propõe ações para crianças ajudarem o tatu-bola-do-nordeste, que é catalogado internacionalmente como uma espécie vulnerável, mas que pesquisas brasileiras já colocam na prateleira dos ameaçados de extinção.

Uma das possibilidades é conhecer o trabalho de instituições que ajudam a preservar a caatinga e sua fauna. Outra é visitar esse bioma do Nordeste em programas de turismo ecológico. O esforço é para fazer com que o tatu-bola-do-nordeste, que chegou a ser considerado extinto até pouco antes dos anos 1990, não tome um sete a um e siga os passos do Fuleco, desaparecendo de vez.

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