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Série derivada de 'Sex and the City' recupera apelo sexual da produção original

Segunda temporada de 'And Just Like That' promete ainda o retorno de Kim Cattrall para uma participação especial

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São Paulo

"A grande conquista de ‘Sex and the City’ foi fazer o sexo ser divertido, engraçado, leve, em vez de sombrio e proibido", disse Michael Patrick King, no evento de lançamento da segunda temporada de "And Just Like That", que estreia dois episódios nesta quinta-feira.

"A segunda grande proeza foi a que resumimos no monólogo final de Carrie, que o relacionamento mais importante que uma pessoa pode ter na vida é com ela mesma. E essas duas coisas continuam fundamentais em ‘And Just Like That’", conclui o showrunner e criador da série derivada.

Cartaz de divulgação da segunda temporada de 'And Just Like That', série derivada de 'Sex and the City' - Divulgação

A temporada vai ao ar exatos 25 anos e 16 dias depois do primeiro episódio de "Sex and the City", em 6 de junho de 1998. O seriado original teve 94 episódios e seis temporadas e terminou em fevereiro de 2004. "Sex and the City" foi uma revolução, o pontapé inicial da chamada "era de ouro" da televisão a cabo.

Foi só no ano seguinte que surgiu "Família Soprano", no mesmo canal. "Mad Men" e "Breaking Bad", que completam a lista dos seriados clássicos da tal era de ouro, com seus anti-heróis casados, brancos e de meia idade, só estrearam anos depois do fim de "Sex and the City". "The Wire", de 2002, é a exceção que prova a tese —e foi o menos visto da lista.

"A série original deu voz a um grupo de pessoas que não tinha voz no final do século passado", disse King. "Mulheres solteiras de 30 e poucos anos eram consideradas problemáticas na época. Tinha algo errado com quem não estava casado até os 35 anos."

Michael Patrick King, de 68 anos, começou como roteirista em 1998, passou a dirigir episódios no ano seguinte, virou produtor executivo e foi o responsável pelos dois filmes —ruins— lançados depois do fim da série, em 2008 e 2010.

Mas não precisa ninguém se revoltar contra ele por isso. Michael Patrick King é um cara legal, divertido, culto, talentoso, inteligente e bem-intencionado. Claro que a soma de adjetivos não quer dizer nada quando o produto não é bom, mas esse não é o caso.

A HBO liberou os sete primeiros episódios —são 11 no total— para os jornalistas que entrevistaram o elenco.

As três protagonistas, além de Sara Ramírez, Nicole Ari Parker e Michael Patrick King, deram entrevistas. Não para todos os jornalistas.

A divisão, sem regras claras, deixou a Folha na lista do showrunner e de Sara Ramirez e Nicole Ari Parker, mas sem Sarah Jessica Parker, Kristin Davis e Cinthia Nixon. Kim Cattrall, que faz uma cena, gravada com a condição de que ela não interagisse com nenhuma das outras três atrizes principais e fosse vestida pela figurinista de "Sex and the City", Patricia Field, não deu entrevistas.

"Eu odeio o fato de essa informação ter vazado", disse Michael Patrick sobre a participação de Cattrall, que se recusou a interpretar a personagem depois do segundo longa-metragem, fazendo com que o plano de um terceiro acabasse sendo abortado e não fez parte da primeira temporada de "And Just Like That".

Perguntei sobre o que fez a atriz mudar de ideia, na intenção de que essa conversa abrisse o caminho para falar sobre a briga pública entre ela e Sarah Jessica, que se alfinetaram por Twitter em 2010, e, segundo os tabloides, já eram brigadas desde o começo dos anos 2000, quando a série original estava no auge e ela exigia receber o mesmo cachê que Sarah Jessica.

"Mágica", respondeu Michael Patrick, visivelmente irritado. "Não vou contar porque era para ser uma surpresa, mas vazou de alguma maneira e agora está todo mundo esperando pelo telefonema de Samantha". Que não acontece nos primeiros sete episódios.

Mas tem muita surpresa boa, como a participação relaxada do ator Tony Danza e a muito ansiosa da atriz Abby McEnany, da ótima "Work in Progress". O ator Peter Hermann, da série "Younger", criada por Darren Star e marido de Mariska Hargitay na vida real, também aparece, assim como Billy Dee Williams, da trilogia original de "Star Wars". E a ícone feminista Gloria Steinem, de 89 anos, faz uma participação especial como ela mesma.

Sarah Jessica Parker em cena da segunda temporada de 'And Just Like That'
Sarah Jessica Parker em cena da segunda temporada de 'And Just Like That', da HBO - Craig Blankenhorn/Divulgação

A segunda temporada de "And Just Like That" começa exatamente onde a primeira parou. Carrie tendo um caso com o produtor de seu podcast, Charlotte vivendo a vida de uma mãe de família perfeita, atendendo a todas as necessidades de todos ao seu redor, e Miranda, a personagem que tem o arco dramático mais interessante até o sétimo episódio, em Los Angeles, experimentando uma espécie de segunda adolescência com Che Diaz, personagem de Sara Ramirez.

Cynthia Nixon também dirige um episódio, o sexto desta temporada. "Eu só consegui este trabalho por causa da Cynthia Nixon, foi ela que insistiu para que eu fosse escolhida para interpretar Che", diz Sara Ramirez, que, como sua personagem na série, se identifica como não-binária.

"Pessoas não-binárias existem, mesmo no universo ultraprivilegiado como o retratado em ‘Sex and the City’", diz Sara. "E nós também somos complexas, contraditórias, esquisitas. Que nem todo mundo. E tudo bem, os LGBTQIA+ não precisam ser perfeitos".

A personagem de Sara Ramirez, a comediante Che Diaz, foi a nova adição ao elenco principal que provocou a maior reação negativa do público. E isso não foi ignorado no roteiro dos novos episódios. Mas prometi a Michael Patrick que não iria dar spoilers, e a entrevista foi gravada pela HBO Max.

A documentarista negra Lisa Todd Wexley, interpretada por Nicole Ari Parker, que fica amiga de Charlotte, foi outra novidade da primeira temporada que ganhou mais profundidade nessa nova leva de episódios, assim como a corretora de imóveis Seema Patel, personagem da atriz Sarita Choudhury.

"Foi maravilhoso voltar ao set desse seriado", disse Ari Parker. "Moro na Califórnia, e vir para Nova York filmar ‘And Just Like That’ é um sonho realizado. Nunca imaginei que teria alguma chance nesse elenco". Ela contou que, apesar de sua personagem ter cenas mais importantes dessa vez, o que ainda a deixa extasiada é fazer as provas de roupa.

"São araras e araras lotadas de peças incríveis e várias prateleiras de sapatos, tudo do meu tamanho", disse. "É como entrar em uma linda loja de departamentos em que tudo é perfeito para o meu corpo".

Se bem que essas roupas acabaram jogadas no chão em muitas cenas da nova temporada, já que o sexo voltou à vida de Carrie e companhia.

Mas não é como se "Sex and the City" estivesse realmente nascido de novo. A série original era irreverente, escandalosa, efervescente. E não mostrava sexo como uma missão afirmativa. Tinha sexo porque tem sexo na vida de mulheres solteiras e atraentes de 30 e poucos anos em uma cidade cosmopolita, e muitas vezes esses encontros dão margem a mil roubadas e a muitas coisas realmente divertidas.

"And Just Like That", talvez mais por culpa das mudanças sociais dos últimos anos – grande parte delas muito necessária -- do que por causa da idade mais avançada das personagens, parece muito mais preocupado com o que é moralmente e socialmente aceitável do que com o que é divertido. E isso raramente resulta em comédia boa. Agradar não é a mesma coisa que fazer rir.

And Just Like That (2ª temporada)

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