Descrição de chapéu Artes Cênicas

Espetáculo de dança une Tunga e a arquitetura da Pina Contemporânea

Apresentação do Studio3 Cia. de Dança une fragmentos de espetáculos de coreografia como 'Rasga Coração' e 'Pessoas'

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São Paulo

Uma movimentação estranha vai acontecer ao lado da "Tríade Trindade", obra do artista visual Tunga que ocupa a praça central da Pina Contemporânea.

Junto ao sino de quatro toneladas de Tunga, corpos esguios de bailarinos estarão neste fim de semana em uma das três instalações coreográficas que trazem a dança para o espaço expositivo inaugurado há quatro meses no centro de São Paulo.

Espetáculo ‘Dança na Pina 2023’ com o Studio3 Cia. de Dança
Espetáculo do Studio3 Cia. de Dança - Leandro Menezes/Divulgação

Convidados para abrir a série de apresentações "Dança na Pina 2023", Anselmo Zola e William Pereira, do Studio3 Cia de Dança, usaram obras do repertório da companhia para criar, em três espaço cênicos, uma espécie de "espetáculo cubista", nas palavras de Pereira, feito de fragmentos que vão formando novas composições no espaço.

Não é propriamente um espetáculo, mas uma espécie de "happening" para celebrar o começo de uma esperada volta da arte aos espaços públicos. "A dança de uma companhia tem um lado mais formal, apolíneo, mas vamos para o dionísico, para o rito, para a celebração", diz Pereira.

Zola, diretor e coreógrafo do Studio3, escolheu obras do repertório com uma linguagem que considera mais comunicativa para criar uma conversa com o público. "A gente abraça o espaço e o público, que vai sendo levado a percorrer as instalações cênicas", diz Zola.

As três instalações coreográficas são definidas por campos de cor. Na primeira, na entrada da Pina Contemporânea que dá para o parque da Luz, são usados piso e mesas azuis do espetáculo "Rasga Coração", criando um platô azulado no verde do parque.

O público pode ficar de pé ou sentado no chão, espiar de qualquer ângulo, ir embora ou permanecer para ser conduzido, pela própria coreografia, ao próximo espaço cênico, na praça central, criado com o chão de papel picado e baús usados na coreografia "Pessoas".

De lá, volta ao verde, desta vez no carpete de pelúcia colocado na área do estacionamento, com sua escada que parece uma arquibancada —a ambientação é a do espetáculo "Orquestra".

Apesar das cenografias específicas, não são os mesmos espetáculos originais. "Rasga Coração" foi uma parceria do Studio3 com a Osesp, que executou obras de Francisco Mignone, Heitor Villa-Lobos e Dimitri Cervo no espetáculo que estreou na Sala São Paulo no ano passado.

No mesmo ano, a companhia estreou "Pessoas", inspirado na obra do poeta português Fernando Pessoa. Já "Orquestra", de cinco anos atrás, teve inspiração no universo do compositor e maestro Heitor Villa-Lobos. Todas foram criadas originalmente para plateias sentadas em frente ao palco.

Elementos das três coreografias foram recriados e misturados para os espaços abertos, assim como as trilhas, que incluem música erudita, fados e jazz, assinadas, com exceção de "Rasga Coração", por Felipe Venâncio, que também assina a direção musical do programa na Pina Contemporânea.

Desse balaio musical-coreográfico surge uma nova obra, de cerca de 50 minutos, a partir das três horas que teriam todas as coreografias completas.

Ensaio de espetáculo do Studio3 Cia. das Dança
Espetáculo do Studio3 Cia. de Dança - Leandro Menezes/Divulgação

A costura dos fragmentos foi feita para que cada instalação cênica tenha um universo próprio e para que as pessoas parem para assistir a cada uma e sigam caminhando para a próxima cena, quase como um passeio em uma galeria de arte para ver as obras expostas.

"É muito saudável quando instituições culturais se contaminam com outras linguagens, artes plásticas, teatro, dança, cinema, intersecções são necessárias. Quanto mais contaminada a obra, mas saudável ela será", diz Pereira.

Isso não significa que os bailarinos interajam diretamente com as obras da Pina Contemporânea. "Adoraria colocar um bailarino dentro da obra do Tunga ou pendurado nos fios de cobre da [obra] da Lygia Clark, mas isso não pode", lamenta Pereira, o coreógrafo. A intervenção ou ocupação de dança se dá no espaço arquitetônico.

"Acima de qualquer conversa sobre integração entre dança e espaço, estamos criando acesso do público às manifestações artísticas. A dança tem poucos espaços próprios e, nos poucos que existem, é difícil conseguir agenda", diz Zola. "Quando um lugar como a Pina é acessado, são criados nichos para a dança invadir outros lugares e ficar menos distante do público."

Pina Dança 2023 com Studio3

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