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Luiza Pastor

No primeiro parque público de São Paulo, mazelas do centro ficam de fora

No Jardim da Luz, investimentos garantem uma boa surpresa ao visitante

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De todos os parques que São Paulo oferece à população, poucos devem ter de conviver tão fortemente com o estigma de serem cercados por uma zona de alta periculosidade como o Jardim da Luz, no bairro do Bom Retiro, zona central da capital. Mas, em que pesem as assustadoras imagens da movimentação do fluxo da cracolândia nas imediações do local, ele é uma das mais belas áreas verdes da cidade e oferece, além de 192 espécies de plantas distribuídas por seus jardins, a possibilidade de avistar 98 espécies de animais —a maioria, 80, aves, mas também peixes, cágados e até, com alguma sorte, bichos-preguiça.

Criado no século 19 como Horto Botânico, foi aberto em 1825 já com o nome de Jardim Público da Luz, e é o mais antigo parque público do município, tombado pelo Condephaat (Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Arqueológico, Artístico e Turístico) em 1981. O nome remete ao fato de um dos primeiros moradores da região, Domingo Luis, ter construído, em 1601, uma pequena capela em homenagem a Nossa Senhora da Luz, tornando-se referência do bairro para devotos e visitantes.

Gruta artificial construída no parque Jardim da Luz, no Centro de São Paulo
Gruta artificial construída no parque Jardim da Luz, no Centro de São Paulo - Luiza Pastor

Com uma área total de 113.400 metros quadrados, as alamedas do parque mais do que merecem uma visitação de quem gosta de conhecer a cidade e sua história. Vizinho de porta da Pinacoteca do Estado, é também um museu a céu aberto (e gratuito), onde se podem apreciar 50 esculturas de artistas brasileiros renomados como Victor Brecheret, Amilcar de Castro e Caciporé Torres, entre outros de propriedade da própria Pinacoteca, que cuida de sua manutenção. Vários espelhos d'água e uma gruta artificial, construída em 1880 como um reservatório de água que abastece os 3 lagos do parque e sobre a qual se chega a um mirante que permite contemplar a estrutura da vizinha estação da Luz completam o passeio.

Essa gruta, que ganhou estalactites e estalagmites artificiais, hoje não conta mais com a cascata de água em seu interior, que segundo a administração do parque vai passar por ampla reforma nos próximos meses. Explicando os termos geológicos, estalactites são estruturas de pedra que descem do teto das cavernas, e estalagmites são as que se formam a partir do solo.

Claro que toda essa beleza contrasta violentamente com o acampamento de pessoas em situação de rua encostado a suas grades. Por ser um parque, o local é todo cercado e tem sua visitação limitada ao período de 6h às 18h, de terça a domingo. Rodeada de atrações turísticas que, além da Pinacoteca, incluem o Museu da Língua Portuguesa e o de Arte Sacra, a área em torno é ostensivamente policiada. Para quem vai de metrô, é só atravessar a avenida Praça da Luz e esquecer do noticiário policial. Já quem preferir ir andando, como esta blogueira deambulante, deve optar por evitar as ruas mais estreitas e menos movimentadas das imediações e, de preferência, ir acompanhado. Seguro, sabemos, morreu de velho.

Barracas de pessoas em situação de rua encostadas às grades que cercam o parque Jardim da Luz
Barracas de pessoas em situação de rua encostadas às grades que cercam o parque Jardim da Luz - Luiza Pastor

"Temos tido muitos retornos de pessoas que visitaram o parque e se surpreenderam com a leveza do ambiente lá dentro", comemora Vinícius Almeida, diretor de Parques da Secretaria do Verde e do Meio Ambiente de São Paulo. Ele credita boa parte dessa surpresa ao fato de o órgão ter tido sua verba dobrada pela Prefeitura de 2021 para este ano, "depois de ter ficado 10 anos com um mesmo orçamento congelado de R$ 200 milhões", explica. Com o aporte, foi possível fazer licitações para contratar pessoal de limpeza, jardinagem e segurança, que hoje soma uma equipe de 10 funcionários.

"Dia desses um especialista em parques esteve conversando conosco e ressaltou que o principal para o sucesso de um espaço público era a oferta de bons banheiros", conta Almeida, que garantiu quatro funcionários exclusivamente dedicados à higiene dos banheiros. No dia da visita do blog, em um movimentado sábado de sol, o esforço para a manutenção desses espaços se mostrou bem-sucedido. Ponto para os envolvidos.

"Além disso, temos feito boas parcerias com a GCM (Guarda Civil Municipal) e a Subprefeitura da Sé, e praticamente toda semana temos atividades no parque, inclusive de Saúde e culturais, que atraem os moradores e comerciantes do Bom Retiro", acrescenta.

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