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Música de 'Final Fantasy' merece estar ao lado dos clássicos, diz maestro

Condutor do concerto 'Distant Worlds' por quase duas décadas, Arnie Roth defende estratégia para popularizar orquestras

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São Paulo

Depois de quase 20 anos conduzindo orquestras em apresentações lotadas com músicas de jogos de videogame, o maestro Arnie Roth vê as principais casas de show do mundo abrirem suas portas para composições como as de Nobuo Uematsu, responsável pela trilha sonora da série "Final Fantasy". Mas ele não está satisfeito.

"Não podemos ser hipócritas. Se acreditamos que a música de ‘Final Fantasy’ merece estar nesses palcos —e merece, todas as orquestras concordam com isso—, ela se encaixaria muito bem em um programa ao lado de ‘Carmina Burana’, de Brahms, ou de qualquer outro", diz Roth.

Espetáculo 'Distant Worlds: Music from Final Fantasy', organizado pela Square Enix, com músicas da franquia de jogos de videogame 'Final Fantasy'
Espetáculo 'Distant Worlds: Music from Final Fantasy' com músicas da franquia de jogos de videogame - Divulgação Square Enix

O maestro, que se apresenta pela primeira vez no Brasil com o espetáculo "Distant Worlds: Music from Final Fantasy", acredita que esse seria um passo importante para resgatar algumas orquestras da crise em que se encontram, principalmente depois da pandemia.

No entanto, o que ele vê são orquestras dispostas a apresentar músicas populares, mas em uma espécie de ambiente próprio, apartado dos clássicos, como se pudessem rebaixar essas obras de alguma forma.

"A maioria das orquestras não deu esse salto ainda. Elas dizem ‘okay, faremos seu concerto, mas de outro jeito’", afirma. "Podemos lotar um concerto, mas, para crescer além disso e trazer novos espectadores para a plateia em um espetáculo clássico, as orquestras terão de fazer esse trabalho."

A experiência com músicas de videogame deu a Roth uma visão ampla de como a indústria costuma lidar com suas trilhas sonoras. Ele vê qualidade em diversas composições de jogos, mas destaca a série "Final Fantasy" como um caso à parte.

"Alguns jogos costumam ter um grande tema principal, mas as músicas ao longo do game não são tão memoráveis", diz Roth. "Isso é diferente em ‘Final Fantasy’. Aqui, tudo é melodia."

Para explicar por que a trilha sonora do game é tão especial, ele faz uma comparação com as músicas dos filmes "Star Wars", escritas pelo lendário compositor John Williams, e as compara com as de Nobuo Uematsu.

"Em ‘Star Wars’, quando há uma batalha, cada acerto com o sabre de luz é significativo para a música. Você escuta tudo o que está acontecendo, mas a melodia se desenvolve da mesma forma que a batalha entre os protagonistas", afirma.

"É disso que estamos falando em ‘Final Fantasy’. Cada tema, cada personagem, cada relacionamento, cada cidade tem sua própria melodia, que é recuperada ao longo da série. A mesma melodia reaparece com novos arranjos."

O resultado disso é uma legião de fãs apaixonados pelas músicas e ciosos de que elas sejam executadas perfeitamente. "Isso faz meu trabalho um pouco mais difícil, já que em ‘Distant Worlds’ tentamos apresentar a música o mais próximo possível do que as pessoas escutam no jogo."

Espetáculo 'Distant Worlds: Music from Final Fantasy', organizado pela Square Enix, com músicas da franquia de jogos de videogame 'Final Fantasy'
Arnie Roth, maestro do espetáculo 'Distant Worlds: Music from Final Fantasy' - Divulgação

Fazer uma apresentação para um público pouco acostumado com concertos clássicos, no entanto, também traz algumas vantagens. Roth destaca como exemplo o calor da recepção do público em seus shows.

"É um híbrido maravilhoso do que as plateias de música clássica costumam ser. Em geral, elas ouvem atentamente, e depois aplaudem educadamente. Nosso público também ouve atentamente, mas depois explode como num show de rock."

O interesse do público pelas músicas é evidente. A primeira apresentação do espetáculo, em São Paulo, na próxima quinta-feira, está com ingressos praticamente esgotados. O segundo show será no domingo, no Rio de Janeiro.

"Infelizmente vamos ficar pouco tempo e viajar de novo para nossa próxima apresentação em Singapura, na sexta-feira seguinte", lamenta o maestro. "Já fizemos quase 300 performances por todo o mundo e o Brasil era um dos países que falamos muito em ir, mas nunca conseguimos. Estamos muito animados."

Os shows no país contarão com a participação de mais de cem músicos da Orquestra Sinfônica Villa Lobos, que tocará de adaptações das músicas em 8-bit criadas para os primeiros jogos da franquia "Final Fantasy" até composições totalmente orquestradas de "Final Fantasy 14".

Distant Worlds: Music from Final Fantasy

  • Quando Qui. (28), às 20h, no Espaço Unimed - r. Tagipuru, 795, São Paulo; e dom. (1º), às 20h, na Jeunesse Arena - av. Embaixador Abelardo Bueno, 3.401, Rio de Janeiro
  • Preço R$ 50 a R$ 400
  • Apresentação Arnie Roth e Orquestra Sinfônica Villa-Lobos
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