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Roteiristas de Hollywood entram em greve após fracasso nas negociações

Sindicato da categoria, que reúne mais de 11 mil profissionais, pede aumento; estúdios se dizem dispostos a acordo

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Los Angeles | AFP e Reuters

Milhares de roteiristas de cinema e televisão de Hollywood entraram em greve nesta terça-feira, dia 2, anunciou o sindicato da categoria, depois de as negociações sobre salários e outras condições de trabalho com os grandes estúdios terminarem sem um acordo.

A greve significa que os programas noturnos de entrevistas podem ser paralisados de maneira imediata e reprises começarem a ser exibidas. As séries de TV e os filmes programados para estrear no fim do ano e nos meses posteriores também devem sofrer atrasos.

Nascer do sol no sinal de Hollywood, em Los Angeles - Mike Blake - 6.fev.20/Reuters

O sindicato dos roteiristas, Writers Guild of America, ou WGA, anunciou no Twitter que os membros da diretoria votaram de forma unânime a favor da greve.

As respostas dos estúdios às exigências da categoria foram "insuficientes, dada a crise existencial que os roteiristas estão enfrentando", afirmou o sindicato.

O anúncio aconteceu depois que a Aliança de Produtores de Cinema e Televisão, ou AMPTP, na sigla em inglês, que representa empresas como Disney e Netflix, afirmou em um comunicado que as negociações terminaram sem um acordo.

Na última vez que houve um conflito sindical deste tipo em Hollywood, em 2007, os roteiristas paralisaram suas atividades por cem dias, o que custou à indústria do entretenimento de Los Angeles quase US$ 2 bilhões, o equivalente a R$ 3,54 bilhões na época.

Desta vez, os roteiristas exigem salários mais altos e uma participação maior nos lucros do streaming.

O sindicato WGA, que representa cerca de 11.500 roteiristas, acusou os estúdios de tentar fazer com que os roteiristas sejam contratados independentes, sem segurança no emprego —"gig economy", no termo em inglês.

A AMPTP afirmou que ofereceu uma proposta com pagamentos maiores e que está disposta a melhorá-la. Mas disse que se opôs às demandas do WGA que exigem que uma empresa contrate para um programa um certo número de escritores por um período de tempo, sejam eles necessários ou não.

Os roteiristas se dizem dispostos a abandonar o trabalho porque as mudanças no streaming tornaram difícil para muitos ganhar a vida em cidades caras como Nova York e Los Angeles.

Metade dos roteiristas de séries de TV agora trabalha com salários mínimos, em comparação com um terço em 2013 e 14, de acordo com as estatísticas da WGA. O pagamento médio para escritores no nível mais alto caiu 4% na última década.

A greve atinge os estúdios de Hollywood em um momento difícil. Os conglomerados estão sob pressão de Wall Street para tornar seus serviços de streaming lucrativos depois de injetarem bilhões de dólares em programação para atrair assinantes.

O aumento do streaming levou ao declínio da receita de anúncios de televisão, à medida que o público da TV tradicional encolhe e os anunciantes vão para outro lugar. A ameaça de uma recessão na maior economia do mundo também se aproxima.

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