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Como o romance 'O Ateneu' antecipou a discussão queer em pleno Império

Publicado em 1888 e agora editado na Coleção Folha, livro de Raul Pompeia trata de relações tóxicas

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Porto Alegre

Sob o pretexto de sentir saudade, o narrador de "O Ateneu", de Raul Pompeia, relembra seu tempo em um colégio interno apenas para garotos no Rio de Janeiro. Aos 11 anos, Sérgio é tirado de sua "estufa de carinho" para ingressar em um ambiente competitivo.

Não demora muito para que o leitor conclua que ele não sente tanta saudade do período em que chegou a ser tomado —sem consentimento— como "namorada".

desenho de homem branco com bigode e óculos sério
Ilustração do escritor Raul Pompeia - Reprodução

Publicado em pleno Império, em 1888, "O Ateneu" antecipou a discussão queer ao descrever um ambiente masculino com suas relações afetivas e de poder. O livro integra a Coleção Folha Clássicos da Literatura Luso-Brasileira e chega às bancas no domingo, dia 29.

Na obra, os garotos que fogem à norma do comportamento másculo são considerados "adamados", com "modos de mulher", "vozinha de moça" e "efeminação mórbida".

O novato é alertado por um veterano ao ingressar na escola: "Faça-se forte aqui, faça-se homem. Os fracos perdem-se. (…) Os rapazes tímidos, ingênuos, sem sangue, são brandamente impelidos para o sexo da fraqueza; são dominados, festejados, pervertidos como meninas ao desamparo".

Tentando fazer amigos, Sérgio acaba tendo sua atenção monopolizada pelo estudante Sanches, assistente do professor. Ao rejeitar as investidas românticas dele, Sérgio passa a ser perseguido. Sanches diminui suas notas e era violento nas aulas de esgrima.

"Eu tinha as pernas roxas dos golpes", lembra o narrador. Quando se liberta da relação tóxica, faz um novo amigo, Bento Alves. Mas é novamente assediado. Ganha pétalas, depois flores e finalmente um ramalhete. "Que devia fazer uma namorada? Acariciei as flores, muito agradecido, e escondi-as antes que vissem."

Raul Pompeia, que se suicidou aos 32 anos em 1895, escreveu um romance de formação realista e melancólico, que permanece atual.

"'O Ateneu' se mantém como uma obra do tempo presente porque retrata, com sensibilidade raras vezes vista, uma transição que todos nós, um dia, tivemos que enfrentar", escreve Naief Haddad, na contracapa da edição da Coleção Folha.


COMO COMPRAR

Site da coleção: lusobrasileira.folha.com.br

Telefone: (11) 3224-3090 (Grande São Paulo) e 0800 775 8080 (outras localidades)

Frete grátis: SP, RJ, MG e PR (na compra da coleção completa)

Nas bancas: R$ 25,90 o volume

Coleção completa: R$ 598,80 à vista ou em até 12x de R$ 49,90 sem juros (para assinantes Folha e UOL)

Demais leitores: R$ 718,80 à vista ou em até 12x de R$ 59,90 sem juros

Lote avulso: R$ 150,20

A Coleção Clássicos da Literatura Luso-Brasileira reunirá um total de 30 livros, intercalando obras de grandes escritores portugueses e brasileiros, em edições em capa dura

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