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'Selvagem' transforma caso Snowden em um suspense cômico sobre vigilância

Peça de Ricardo Henrique e Susana Ribeiro reflete sobre privacidade e transparência com texto do inglês Mark Bartlett

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Cena da peça 'Selvagem', com Ricardo Henrique, Erika Puga e Rodrigo Bolzan

Cena da peça 'Selvagem', com Ricardo Henrique, Erika Puga e Rodrigo Bolzan Caio Oviedo/Divulgação

São Paulo

Andrew, um funcionário do Serviço de Inteligência Nacional dos Estados Unidos, se refugia no que parece ser uma sala de um hotel na Rússia depois de engendrar o maior vazamento de dados até então, que revelou ao mundo que o governo de seu país era responsável por um amplo esquema de vigilância em massa.

"Selvagem", texto do britânico Mike Bartlett dirigido por Susana Ribeiro, é um thriller cômico que ganha tom de insanidade conforme Andrew, interpretado por Ricardo Henrique, recebe visitas alternadas de George e outro George, dois agentes que dizem representar uma organização similar à Wikileaks, interpretados por Erika Puga e Rodrigo Bolzan.

As personalidades caricatas e provocativas levam o protagonista da peça ao limite enquanto ele tenta entender o que será da vida dele e diferenciar aliados de inimigos.

Cena da peça 'Selvagem', com Ricardo Henrique, Erika Puga e Rodrigo Bolzan
Cena da peça 'Selvagem', com Ricardo Henrique, Erika Puga e Rodrigo Bolzan - Caio Oviedo/Divulgação

Andrew é inspirado em Edward Snowden, ex-funcionário terceirizado da CIA e da NSA —as agência de inteligência e segurança dos Estados Unidos— que revelou, há dez anos, milhares de documentos das duas organizações que mostravam como os Estados Unidos monitoravam desde a comunicação de seus cidadãos até mensagens privadas de líderes como Dilma Rousseff e Angela Merkel.

O delator foi acusado de ferir a Espinage Act, lei federal que proíbe obter e compartilhar informações relacionadas à defesa nacional para prejudicar os Estados Unidos ou beneficiar outro país. Snowden se refugiou na Rússia, onde é considerado um cidadão desde o ano passado.

Em 2010, o australiano Julian Assange se juntou a Snowden na história dos grandes vazamentos, ao disponibilizar mais de 700 mil documentos secretos relacionados às guerras no Iraque e no Afeganistão através de sua plataforma Wikileaks, que segue publicando documentos secretos sobre guerra, espionagem e corrupção.

"Eu queria que as pessoas lembrassem o caso do Snowden, mas pensassem também no nosso dia a dia. Na nossa relação com o celular, com nossos dados, com as redes sociais e quanto a gente está permissivo a isso tudo, sem saber direito as consequências", diz o ator Ricardo Henrique, que trouxe a peça para o Brasil.

Henrique já pensava em fazer Andrew e foi atrás de tirar do papel a peça. Entrou em contato com o escritório que cuida das obras de Mike Bartlett, buscou editais de financiamento e, no fim, conseguiu a parceria do Sesc. Ribeiro, a diretora, foi convidada por indicação de uma amiga do ator. Para ela, a peça vai além do caso de Snowden.

"Apesar de ser um texto que traz a perspectiva de um autor da Inglaterra falando sobre um americano, o tema que ele discute atinge a todos nós", ela afirma. "É um espetáculo universal e extremamente atual. Tentamos fazer com que houvesse um diálogo direto com a realidade brasileira."

Selvagem

  • Quando Sex. e sáb., às 20h; dom, às 18h. Até 22 de outubro
  • Onde Sesc Ipiranga - r. Bom Pastor, 822, São Paulo
  • Preço R$ 20 a R$ 40, em sescsp.org.br
  • Classificação 14 anos
  • Elenco Ricardo Henrique, Erika Puga, Rodrigo Bolzan
  • Direção Susana Ribeiro
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