Descrição de chapéu Televisão Todas

Deborah Secco fala de sexo, capas na Playboy, ser mãe e estrela 'Elas por Elas' e série

Artista, que atua desde os oito anos, conta sobre ter se tornado sex symbol com 'Suave Veneno' e lançamento de 'Codex 632'

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

A atriz Deborah Secco

A atriz Deborah Secco Nico Salim/Divulgação

São Paulo

"É sempre assim, eu dou 45 minutos de entrevista e os 15 segundos que falo sobre sexo vira a chamada da matéria e viraliza", diz Deborah Secco, em uma das duas conversas que fizemos por Zoom no último mês.

A assessoria tinha prometido uma hora de entrevista e fotos exclusivas, estas que ilustram a matéria, mas é raro conseguir uma hora inteira na agenda da atriz, que está estrelando dois trabalhos —a novela das 18h na Globo, "Elas por Elas", e a série "Codex 632", disponível no Globoplay— e cuida de perto das quatro empresas de que é sócia, de uma filha de sete anos e dela mesma.

A atriz Deborah Secco
A atriz Deborah Secco - Nico Salim/Divulgação

"Eu não me importo de falar mais sobre minha vida privada que sobre o meu trabalho", diz. "Falar de sexo ajuda a fazer mais sexo". No final do segundo bate-papo, mais à vontade, elaborou o pensamento. "Gosto de conversar e gosto de sexo. Mas me surpreende essa curiosidade. Gente, estamos em 2023, sério que falar de sexo ainda é polêmico?".

"Está mais do que na hora de contar para esse bando de marmanjo que a gente estava fingindo o tempo todo, sim, mas que essa moleza acabou. Agora eles vão ter que se esforçar", afirma, bem-humorada, conversando pelo celular, com roupão e touca no cabelo.

Descontraída, a atriz de 43 anos parece ter chegado a um momento de sua vida, conquistado com muito trabalho, erros e acertos, em que ela faz, e fala, o que bem entende.

"Comecei a atuar muito cedo, aos oito anos, porque insisti muito. Cansei de ouvir que tinha talento, mas nunca ia ser protagonista porque não era bonita. Aí fiz a novela 'Suave Veneno' e virei bonita aos olhos do público, sem ninguém me avisar. Foi uma loucura", diz.

A novela, de 1999, foi escrita por Aguinaldo Silva e Secco vivia uma personagem secundária, Marina, uma "maria-chuteira" —expressão então corrente para se referir às mulheres que namoravam jogadores de futebol.

Tinha 18 anos e virou sex symbol. Neste mesmo ano, posou pela primeira vez para a Playboy, que a pôs na capa na edição de 24 anos da revista. "Fiz por dinheiro", afirma a atriz. "Juntei minha família e disse que tinha recebido a oferta. Naquela época os cachês da Playboy eram muito altos, a gente precisava do dinheiro e eu não tinha a menor ideia de quanto tempo essa aventura de ser atriz ia durar. Minha mãe falou assim: ‘eu rezo para que sua carreira dê certo, mas é muito difícil que atrizes que começam a trabalhar tão crianças sigam na profissão. Essa pode ser a sua última oportunidade’. Aí aceitei."

Deborah Secco e suas Playboys - @dedesecco/Instagram

A edição foi um recorde de vendas. Tanto que a revista repetiu o convite três anos depois, com um cachê maior ainda, e Secco aceitou, mais uma vez, pelo mesmo motivo. Era de novo aniversário da revista e mais uma vez o dito presente aos leitores era ela, nua.

Entre uma edição e outra, a artista se apoderou do que o público via nela, mas ela ainda não entendia. "Tive que correr atrás, porque virei uma coisa aos olhos das pessoas que não tinha nada a ver comigo".

Fazia terapia desde os 12 anos, e tanto no consultório, como na vida, tomou para si a sua sexualidade e passou a se interessar tanto em como despertar o desejo do outro quanto conhecer o que interessava a ela sexualmente.

"Até hoje eu não compro muito essa ideia de que eu seja uma mulher bonita. Acho que eu sou muito mais interessante que bonita. Sou boa de conversar, tenho muita história para contar, uma experiência de vida que pouca gente tem", afirma. "E sou livre, independente, isso é muito mais sedutor do que a minha beleza. Mas faço pleno uso dessa percepção das pessoas, que eu não sou boba nem nada".

Casada pela terceira vez com o fotógrafo e modelo baiano Hugo Moura, de 33 anos, os dois são pais de Maria Flor, de sete anos. A maternidade chegou na vida de Secco aos 35, e tirou a atriz do lugar que ela mesma ocupava desde que nasceu: o centro de suas atenções.

"Ser mãe é uma experiência muito ambígua, porque minha vontade é proteger minha filha de tudo, queria que ela nunca fosse traída, nunca perdesse um emprego, nunca tivesse um conflito. Mas se eu fizer isso, como ela vai crescer?", pergunta, como que para si mesma.

A atriz Deborah Secco
A atriz Deborah Secco - Nico Salim/Divulgação

A chegada de Maria Flor também fez Secco pensar mais a sério sobre o futuro. "Com a morte eu convivi desde criança, porque perdi minha irmã mais velha muito cedo, ela tinha cinco anos", diz.

Contratada da TV Globo desde 1993, ela conta que está prestando muita atenção nesse movimento da empresa de encerrar contratos longos com atores da casa. Por isso, começou a diversificar suas áreas de interesse profissional.

"Hoje sou sócia de quatro empresas. E emprego um monte de gente, muitas pessoas da minha família trabalham para mim, então tenho que ser responsável, não posso entrar numa sociedade e não saber o que está acontecendo", afirma. "As pessoas à minha volta dizem que eu já poderia parar de trabalhar, mas eu nem penso nisso, de jeito nenhum".

Não é difícil de provar essa teoria, já que a atriz está, neste momento, em nada menos que três produtos diferentes do grupo Globo. Na TV, grava a novela "Elas Por Elas", no papel de Lara, uma viúva que descobre que estava sendo traída e contrata o detetive particular Mário Fofoca, vivido por Lázaro Ramos, para descobrir a identidade da amante do marido morto.

Simultaneamente, grava a segunda temporada da série "Rensga Hits!", que se passa no mundo do feminejo e estreou na Globoplay em 2022. Foi tão bem de audiência que entrou na grade da TV Globo em agosto deste ano, quando foi anunciada a segunda temporada, que está sendo gravada agora. A atriz é a empresária Marlene, dona da produtora que dá nome ao programa.

E tem a série dramática "Codex 632", já toda disponível na Globoplay em seis episódios. Este foi o seu primeiro trabalho feito fora do Brasil, gravado em Portugal. A atriz interpreta Constança, uma mulher amargurada, mãe de uma criança portadora da síndrome de Down e mulher de Tomás, personagem do ator português Paulo Pires.

"Eu nunca tive esse sonho de morar fora do Brasil ou ter uma carreira internacional, mas foi incrível passar dois meses com a Maria em Portugal", diz. "Me deu vontade de tentar coisas novas. Não agora, porque minha filha precisa de mim aqui, ativa profissionalmente, pelo menos pelos próximos dez, 12 anos. Mas, depois disso, ela pode querer fazer faculdade fora e eu quero ficar solta para poder acompanhá-la, se ela quiser. Quero ser para ela uma mãe como a que eu tive".

A mãe de Secco, Silvia Regina Fialho, foi a primeira pessoa que acreditou que a obsessão da filha por ser atriz merecia atenção. "Eu passava todas as tardes ligando para os telefones dos programas da Angélica e da Xuxa", diz. "Mas só caía na caixa postal".

A atriz Deborah Secco
A atriz Deborah Secco - Nico Salim/Divulgação

"Um dia, uma moça da TV Manchete atendeu e perguntou se eu queria falar com a produção e eu disse que não, queria ser atriz. Ela me passou para uma produtora de elenco, que pediu para falar com a minha mãe e eu disse que não, ela não podia saber. Mas ela me convenceu, chamei minha mãe e ela convenceu minha mãe a me levar para um teste. Mas não deu em nada".

Fialho, no entanto, decidiu pagar para ver até onde ia aquela vontade da menina. Procurou um amigo ator, que indicou uma produtora e, depois de mais ou menos um ano e meio tentando começar a atuar, a jovem passou em um teste para fazer um comercial. Tinha oito anos e nunca mais parou de atuar.

"Acho que existe essa tal de vocação, né? Sei lá. Não tem outra explicação".

Como parte da iniciativa Todas, a Folha presenteia mulheres com dois meses de assinatura digital grátis

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Tópicos relacionados

Leia tudo sobre o tema e siga:

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.