Força do tempo não apagou o RBD, diz fã, 15 anos após depoimento na Folha

Carolina Coghi Marra, que encontrou ídolos durante evento em 2008, relembra experiência desde a fila para novo show

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

São Paulo

Carolina Coghi Marra era uma estudante de 14 anos quando, em dezembro de 2008, ficou cara a cara com sua maior paixão da época, os integrantes do RBD.

Entre os milhares de fãs que lotaram a então Arena Skol Anhembi, em São Paulo, ela pôde visitar rapidamente os bastidores, encontrar os astros do grupo criado a partir da novela mexicana e até, sem querer, bater a cabeça com Anahí enquanto se preparava para uma foto com a turma.

Carolina Coghi Marra, a primeira à direita, tira foto com outros fãs do RBD, em dezembro de 2008
Carolina Coghi Marra, a primeira à direita, tira foto com outros fãs do RBD, em dezembro de 2008 - Arquivo pessoal

"Saí de lá com a impressão de que tudo aquilo não era real", disse Marra em depoimento à Folha em 2008. Nesta quinta-feira, 15 anos depois, ela chegou de manhã à fila que se formava em frente ao Allianz Parque para mais uma das apresentações da banda, que retornou ao país para uma maratona de shows no Rio de Janeiro e em São Paulo, com apresentações até domingo.

Marra, hoje uma psicóloga de 29 anos, não conseguiu reencontrar os cantores de perto, mas relembra a importância da banda na sua vida e fala com sua versão mais jovem.

"Se eu pudesse encontrar a minha mini Carol que em 2008 chorou um tanto em um show de despedida", diz ela, "eu contaria para ela que existem coisas que a força do tempo não apaga. Contaria que a despedida seria só uma suspensão".

Leia abaixo os dois depoimentos de Marra à Folha.

'A porta se abriu, vi Anahí. Tão linda!' (dezembro de 2008)

Eles dizem que sonhar faz a vida mais feliz, e é verdade. Ontem realizei o meu maior sonho. Achava que ele era inalcançável, mas nada é impossível. E também isso eles me ensinaram. Eu conheci pessoalmente o RBD.

Há quatro anos eu amo de forma incondicional seis pessoas: Anahí, Dulce, Maite, Christian, Poncho e Christopher. Fui aos três shows que fizeram aqui em São Paulo, mas só ontem, na turnê de despedida, pude ficar frente a frente com eles numa sala pequena. Que emoção!

Cheguei ao Anhembi às 16h30. Estava nervosa, feliz, triste e com medo, ao mesmo tempo, de alguma coisa dar errado. Quando chegou minha vez, quase surtei. A porta se abriu e a primeira pessoa que vi foi a Anahí. Tão linda!

Quando a gente estava se arrumando para a foto, batemos a cabeça uma na outra. A Anahí passou a mão na minha testa e se desculpou: "Perdón, mi amor", disse, rindo. Tiramos a foto, e os seguranças colocaram todos para fora.

Saí de lá com a impressão de que tudo aquilo não era real, que em algum momento eu iria acordar.
Encontrei meu pai e corremos para a arena.

O Anhembi estava lotado. Por várias vezes me emocionei, porque era o úlltimo show da banda. A última vez que a gente se divertiria juntos. Show perfeito. O melhor dia da minha vida. Para nossa surpresa, no final, eles disseram que vão voltar a São Paulo no dia 9. O adeus virou apenas um "até logo".
Felizmente, o sonho não acabou ainda.

Sobre coisas que nem a força do tempo apaga (novembro de 2023)

A força do tempo não apaga conexões genuínas. RBD não é só um grupo. RBD é um grupo que gerou uma conexão apaixonada com o seu público, e fez com que seu público se unisse por algo em comum. Eles são como uma ponte.

É o que impulsionou a construção de laços que seguem vivos e em movimento até os dias de hoje. Diz de vida, de memória afetiva, de ingenuidade, de sorriso fácil, de leveza. Muito do que sou é atravessado por muito do que eles foram e são. Explico: os amigos que tenho.

Viver esse reencontro depois de 15 anos com pessoas de uma vida que conheci através dessa história faz com que tudo tenha muito mais sentido. Nada seria igual sem eles. Essa conexão: a força do tempo não apaga. E é isso que faz com que os estádios sigam lotados depois de 15 anos.

Meu entendimento sobre muitas das coisas desse mundo: Eu não sei se eles se deram conta da dimensão da importância da mensagem transmitida para um público majoritariamente criança na época: o amor, o respeito, a união, a tolerância, a compreensão. Isso nem a força do tempo apagou. No meio dessa confusão toda que o mundo se meteu, esse reencontro serve como um respiro. Subir na superfície para pegar um pouco de ar. A gente tem precisado.

Se eu pudesse encontrar a minha mini Carol que em 2008 chorou um tanto em um show de despedida, eu contaria para ela que existem coisas que a força do tempo não apaga. Contaria que a despedida seria só uma suspensão. E eu sei que a minha mini Carol estaria feliz e pulando igual pipoca como se tivesse ganhado o presente mais legal que existe nesse mundo. De fato, ganhou.

Eu fico com a pureza dessa criança que precisa de muito pouco para se sentir feliz. E espero carregar essa sensação comigo até o fim dos meus dias nessa terra.

Agradeço com o que tenho de mais bonito e verdadeiro por aqui. Nada apaga, nem a força do tempo.

P.S.: Escrevo esse texto às 6h da manhã na fila de mais um show que vai começar às 20h no estádio do Allianz Parque.

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Tópicos relacionados

Leia tudo sobre o tema e siga:

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.