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Jurado do Prêmio Jabuti diz que não viu má-fé em arte com inteligência artificial

Designer Vicente Pêssoa afirma não ter avisado à organização sobre o uso da tecnologia nas ilustrações de 'Frankenstein'

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São Paulo

A indicação mais polêmica do Prêmio Jabuti 2023, a ilustração feita com inteligência artificial não teve o uso da tecnologia informada na inscrição do prêmio. A informação vem de Vicente Pessôa, autor da capa da edição de "Frankenstein" ilustrada com IA, que diz que não esclareceu o ponto ao comitê porque não foi perguntado o ponto.

Segundo Pessôa, a presença da tecnologia na confecção da arte foi esclarecida na divulgação da edição, publicada pelo Clube de Literatura Clássica no ano passado.

capa do livro frankenstein com ilustração em preto e branco
Capa da edição de 'Frankenstein' do Clube de Literatura Clássica, ilustrada por inteligência artificial - Divulgação

"A gente não falou [ao comitê], mas havíamos falado longamente na nossa divulgação no ano passado que esse era o primeiro livro da história do universo que foi inteiramente ilustrado por IA", afirmou o designer ao jornal O Estado de São Paulo.

Pessôa também diz que não vê necessidade em informar a premiação sobre o uso da tecnologia. "Seria a mesma coisa que informar que usei uma câmera fotográfica, utilizei Photoshop, Illustrator ou xilogravura."

Além da capa, outras 50 ilustrações foram feitas pelo designer com auxílio do programa Midjourney, que usa comandos escritos para uma rede neural de inteligência artificial para gerar imagens automaticamente.

O trabalho foi selecionado por um comitê de especialistas para o prêmio de melhor ilustração do Jabuti. Ela concorre com outros nove trabalhos, lançados ao longo do último ano pelo mercado editorial. A lista de finalistas será anunciada em 21 de novembro, enquanto os premiados serão revelados em 5 de dezembro.

Nesta sexta-feira, um dos três jurados responsáveis pela escolha dos semifinalistas da categoria se pronunciou sobre a controvérsia no X, antigo Twitter.

Segundo André Dahmer, cartunista deste jornal, o livro creditava as artes a Pessôa e à ferramenta Midjourney. "Não conheço os nomes de ferramentas de inteligência artificial, nem quero conhecer. A organização do prêmio, ao me enviar o livro, também desconhecia o nome desta ferramenta", escreveu ele na rede social.

"Toda essa história carece de debate. Sei dos limites éticos e jurídicos do uso de imagens que já existem para a produção de outras, 'novas'. Em defesa do autor, no livro constava a coautoria de um robô. Então, não houve má-fé no ato da inscrição."

Outro jurado do prêmio, o ilustrador Baptistão, também já afirmou não ter percebido que a obra era feita com inteligência artificial e que "não teria selecionado o livro se tivesse essa informação".

O jornalista Silas Martí, editor da Ilustrada, foi jurado da categoria projeto gráfico do prêmio

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