Descrição de chapéu Venezuela

'As Meninas' de Velázquez saem da tela e ocupam ruas de Caracas como esculturas

Artista Antonio Azzato preparou exposição na capital a partir da obra clássica que está no Museu do Prado de Madri

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Patrick Fort
Caracas | AFP

"As Meninas" da Corte Real espanhola, pintado por Diego Velázquez no século 17, saíram do quadro no Museu do Prado em Madri para serem exibidas como esculturas nas ruas de Caracas, graças a uma reinterpretação do artista venezuelano Antonio Azzato.

O artista venezuelano Antonio Azzato ao lado de escultura que faz parte da exposição de rua 'Meninas Caracas Gallery' - Gaby Oraa/REUTERS

Após uma grande exposição na capital espanhola chamada "Meninas Madrid Gallery", "As Meninas" (1656) chegam na Venezuela em uma experiência renovada: "Meninas Caracas Gallery".

"Eu projeto uma escultura em branco com a silhueta de 'As Meninas' para levá-las às ruas com uma narrativa diferente da que está no museu, para que as pessoas se conectem de maneira diferente com a arte e para gerar interesse nas pessoas que visitam os museus e saibam de onde vem essa obra", relatou Azzato à AFP.

São 19 meninas inspiradas na cultura venezuelana: uma representando o Salto Ángel, a cachoeira mais alta do mundo localizada no sul do país; outra vestida com uma torre de petróleo para representar a riqueza da nação; outra com um barril de rum, e todas estão nas ruas do município de Chacao, um setor de classe média alta da capital.

Do total, cinco foram arquitetadas por celebridades venezuelanas como o cantor de salsa Óscar de León, os jogadores de beisebol Gleyber Torres e Ronald Acuña, a jogadora de futebol Deyna Castellanos e o design de moda Ángel Sánchez.

"As Meninas", tela do pintor espanhol Diego Velázquez - Reprodução

Azzato encontrou inspiração após visitar o Museu do Prado: "Estava no Museu do Prado vendo o quadro e havia uma pessoa sentada chorando enquanto o observava ao meu lado, e eu disse: 'aqui está acontecendo algo e é necessário investigar'".

"E Velázquez foi um gênio pintando especialmente aquilo que não vemos, a alma e o ar, e assim, no ar, surgem novas incógnitas a serem decifradas. Ele pintava o que estava por trás daquele quadro, por isso cheguei à conclusão de que Velázquez precisa continuar transmitindo uma mensagem", continuou.

Mais conhecido na Espanha do que na Venezuela, Azzato, "filho de imigrantes espanhóis e italianos", vê a jornada da obra como um símbolo.

"É como voltar às origens, para casa", explicou o artista, defendendo que a obra de Velázquez foi realizada "graças às riquezas americanas" porque foi pintada durante o fim do século de ouro na Espanha. "É uma maneira de Velázquez agradecer a origem que tornou possível realizar sua obra", acrescentou.

As obras estarão expostas por dois meses, e cinco delas serão vendidas em um leilão que beneficiará cinco ONGs do país, que enfrenta uma grave crise econômica.

A exposição traz um ar diferente à cidade. Os pedestres da estação de metrô Chacaíto observam a escultura com curiosidade - uma menina vestida com as cores da bandeira venezuelana parece estar esperando na fila para entrar em um ônibus.

A obra "traz para Caracas, para Venezuela, esta parte cultural que fazia muita falta, mostra a vivacidade e nos enche de orgulho também", disse a gerente Maria Auxiliadora Valera, de 47 anos —é um "prazer".

A estudante Mireya Rojas, de 20 anos, por sua vez, sente admiração. "São todas lindas. Deveria haver mais cultura, principalmente coisas assim, que podem ser gratuitas. As pessoas deveriam poder admirar coisas tão bonitas como essas", disse Rojas.

"A arte é para todos", concluiu Azzato.

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