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Filme 'Crescendo Juntas' adapta bem clássico que liga Deus e puberdade

Baseado em livro dos anos 1970, comédia brinca com dúvidas de menina que tenta entender dores do seu crescimento

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Crescendo Juntas

  • Onde Disponível na HBO Max
  • Classificação 12 anos
  • Elenco Abby Ryder Fortson, Rachel McAdams, Kathy Bates
  • Produção EUA, 2023
  • Direção Kelly Fremon Craig

Margaret Simon não é uma criança crente tradicional; não cumpre ritos, nem vai a templos, muito menos sabe qualquer oração. Filha de pai judeu e mãe cristã, não há nenhuma imposição da sua família para que ela siga essa ou aquela religião. Porém, prestes a completar 12 anos, muitas dúvidas começam a surgir.

O que é Deus? Onde Ele fica? Ele realmente nos escuta?

Cena do filme 'Crescendo Juntas', de Kelly Fremon Craig
Abby Rider Fortson em cena do filme 'Crescendo Juntas', de Kelly Fremon Craig - Divulgação

Margaret não sabe responder a essas perguntas, mas fala com Ele mesmo assim, e fala sobre tudo. A menina não quer se mudar para Nova Jersey, quer também que sua viagem para a Flórida dê certo, ao mesmo tempo que quer ter seios grandes e menstruar o mais rápido possível.

Com essa charmosa mistura de religião, amadurecimento e descobertas sobre o próprio corpo, "Crescendo Juntas" é um filme que te faz sorrir do início ao fim.

E não se deixe enganar pelo título mal-adaptado, já que, em inglês, o longa é homônimo ao livro de Judy Blume no qual foi baseado, "Ei, Deus, Está aí? Sou Eu, a Margaret". Obra que, na época do seu lançamento, funcionava como um alento a todas as meninas que estavam entrando na puberdade.

Através das situações engraçadas pelas quais Margaret passava, a autora falou sobre absorventes, sobre beijar meninos e até mesmo sobre viajar sozinha quando se é pré-adolescente.

Esse estilo de narrativa se repete no filme, com a personagem principal falando com Deus quando passa por uma situação constrangedora perante suas novas amigas ou quando seus pais não a deixam fazer o que quer.

Em paralelo à questão religiosa, Margaret anseia por um corpo mais maduro, invejando, nas palavras delas, todas as meninas que têm seios e que usam sutiã maior que o tamanho PP.

Ela até pede um para sua mãe, que diz, do jeito mais amável possível: "Você acha que precisa?".

Ao mesmo tempo que Margaret compra absorventes para aprender como usá-los, ela fica assustada quando presencia sua amiga menstruando pela primeira vez. A menina chora e pede para Margaret chamar sua mãe.

Não é somente Abby Ryder Fortson que interpreta brilhantemente a personagem principal, o filme tem um elenco estrelado —Rachel McAdams, Benny Safdie e Kathy Bates engrossam o coro de que essa não é uma comédia adolescente como as outras, apesar de ter elementos convencionais de uma.

A narração, por exemplo, é um deles, mas é subvertido pelo fato de Margaret falar com Deus e não com a audiência. Ou quase.

Apesar de Margaret "testar" todos os tipos de religião a que tem acesso —judaísmo, catolicismo, presbiterianismo—, ela pede a Deus um sinal a cada culto ou celebração que participa, confessando que o momento em que mais sente a presença Dele é quando está sozinha.

Por conta disso, Margaret não quer fazer parte das brigas de família, não quer ser convertida, não quer exercer uma vida religiosa, ela diz, inclusive, em momento catártico perante os pais e avós, que não acredita em Deus.

É aí que percebemos que Margaret fala com Ele querendo falar com ela mesma. Por meio de conversas informais com o divino, ela reflete sobre a própria vida, buscando em um guia o que ela busca para si.

Há um único momento em que a narração é dirigida a um outro: seu professor, que a incentivou a escrever um projeto sobre espiritualidade. Ela se nega, dizendo que a religião só traz conflitos.

Porém, em um dos momentos finais do filme, a conexão com o divino e com ela mesma é restabelecida através do cuidado e do amor, sentimentos que, teoricamente, deveriam ser a base de qualquer religião. Infelizmente, a vida não imita a arte por completo.

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